As cartas
vinham cheias
de cheiros
marcas de dedos
borrões de nanquim
uma vírgula
fora do lugar
um final de frase
a clamar
por um ponto
uma preocupação
vinha nas entrelinhas
más notícias
vinham com todas
as letras
mas entre o explícito
e o tácito
sempre havia
uma terceira mensagem
revelada pela firmeza
da mão de quem escrevera.
Este é um blog teste. Com a pretensão de abrigar textos, poemas, crônicas...
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
O que é amor?
Dizem que o amor
quando é de fato
não tem nada a dizer
se é por direito
só tem amor por fazer
se é daquele amor sem fim
não tem nem começo
muito menos futuro
e só tem tempo
de amar
amor quanto mais
se tem
mais se quer
quanto mais é dado
mais se tem pra
dar
mas, o problema é que
amor é bactéria e
se reproduz
sem controle
é vírus
e prevalece
mesmo com vacina
se fortalece
a cada mutação
o amor muda
depois da semente
vira árvore
que ninguém sabe
se dá flor ou fruto
amor se infiltra
pelos muros coronarianos
e se ninguém fizer nada,
trinca o lugar
onde ele não decide
se quer morar
amor é assim
sem pai nem mãe
uma coisa
que só ganhou esse nome
amor
para não ficar por aí,
indigente,
sem registro,
carente,
mal amado
e mal visto.
quando é de fato
não tem nada a dizer
se é por direito
só tem amor por fazer
se é daquele amor sem fim
não tem nem começo
muito menos futuro
e só tem tempo
de amar
amor quanto mais
se tem
mais se quer
quanto mais é dado
mais se tem pra
dar
mas, o problema é que
amor é bactéria e
se reproduz
sem controle
é vírus
e prevalece
mesmo com vacina
se fortalece
a cada mutação
o amor muda
depois da semente
vira árvore
que ninguém sabe
se dá flor ou fruto
amor se infiltra
pelos muros coronarianos
e se ninguém fizer nada,
trinca o lugar
onde ele não decide
se quer morar
amor é assim
sem pai nem mãe
uma coisa
que só ganhou esse nome
amor
para não ficar por aí,
indigente,
sem registro,
carente,
mal amado
e mal visto.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Abram aspas
para as pessoas
elas não têm
o sentido exato
e qual exatidão
pode haver
dentro do coração
de uma pessoa?
Pessoas
enchem as casas
de coisas
e carregam
os casos sérios
nas costas
Pessoas
imploram
alas abertas
para desfilar seus
interesses
mas de repente
no meio da rua
elas se perdem
como se não soubessem
mais seus endereços
abram alas
para as pessoas
que elas precisam
correr
batam palmas
para as pessoas
pra que elas
tenham coragem
de retornar ao palco
e revelar sua personalidade
pessoas são
peças
de teatro
evoluções culturais
pessoas são macacos
que levantam
pesados carros
pessoas são
macacos
de auditório
será que os
macacos pensam?
E se pensam,
acham que regrediram
os primatas
ao se tornarem
homo sapiens?
Nada mais
humano
do que as ações
desumanas
abram aspas
para as pessoas
porque nunca se
sabe quando
vão ser gente de verdade
defender a humanidade
Mas, muito cuidado:
pessoas
costumam levar tudo
para o lado pessoal.
para as pessoas
elas não têm
o sentido exato
e qual exatidão
pode haver
dentro do coração
de uma pessoa?
Pessoas
enchem as casas
de coisas
e carregam
os casos sérios
nas costas
Pessoas
imploram
alas abertas
para desfilar seus
interesses
mas de repente
no meio da rua
elas se perdem
como se não soubessem
mais seus endereços
abram alas
para as pessoas
que elas precisam
correr
batam palmas
para as pessoas
pra que elas
tenham coragem
de retornar ao palco
e revelar sua personalidade
pessoas são
peças
de teatro
evoluções culturais
pessoas são macacos
que levantam
pesados carros
pessoas são
macacos
de auditório
será que os
macacos pensam?
E se pensam,
acham que regrediram
os primatas
ao se tornarem
homo sapiens?
Nada mais
humano
do que as ações
desumanas
abram aspas
para as pessoas
porque nunca se
sabe quando
vão ser gente de verdade
defender a humanidade
Mas, muito cuidado:
pessoas
costumam levar tudo
para o lado pessoal.
domingo, 22 de novembro de 2009
Verdadeiramente
Um dia
absolutamente
sol
outro,
completamente
só
a verdade
verdadeira,
quando
está só,
torna-se demente
às vezes,
tudo é somente
pensamento
positivo
e fé
verdades
não se sustentam
são teses
que se desmontam
sob o efeito
dos ventos
que
vieram do lado leste
do peito.
absolutamente
sol
outro,
completamente
só
a verdade
verdadeira,
quando
está só,
torna-se demente
às vezes,
tudo é somente
pensamento
positivo
e fé
verdades
não se sustentam
são teses
que se desmontam
sob o efeito
dos ventos
que
vieram do lado leste
do peito.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Recepcionista
A esperança
ganhou um
emprego
de recepcionista
de amores
Um amor
veio
não disse bom dia
tomou água gelada
comeu
biscoito de água e sal
e saiu tal qual
entrou
sem dizer a que veio
a esperança
recepcionista
se decepcionou
mas não se desesperou
no dia seguinte,
voltou ao trabalho
e outro amor chegou
ganhou um
emprego
de recepcionista
de amores
Um amor
veio
não disse bom dia
tomou água gelada
comeu
biscoito de água e sal
e saiu tal qual
entrou
sem dizer a que veio
a esperança
recepcionista
se decepcionou
mas não se desesperou
no dia seguinte,
voltou ao trabalho
e outro amor chegou
Sala de espera
O amor
está ali
na sala de espera
no limite
do prazo
entre o será
e o já foi
eu não sei
se devo
receber
essa coisa
tão paciente
quanto surpreendente
não sei
se compro
essa ideia
se pago
se pego
se levo
não sei
se peso
na balança
ou
se desprezo
os riscos
não sei
se devo
o amor
está assim
em compasso
de espera
na linha tênue
do tempo
entre o vai ser
e o já era
eu fora
de mim
pra ser bom
anfitrião
tenho de expulsar
o medo
botar a razão
pra fora
e servir
um vinho
envelhecido
entre as tensas
paredes
do coração
está ali
na sala de espera
no limite
do prazo
entre o será
e o já foi
eu não sei
se devo
receber
essa coisa
tão paciente
quanto surpreendente
não sei
se compro
essa ideia
se pago
se pego
se levo
não sei
se peso
na balança
ou
se desprezo
os riscos
não sei
se devo
o amor
está assim
em compasso
de espera
na linha tênue
do tempo
entre o vai ser
e o já era
eu fora
de mim
pra ser bom
anfitrião
tenho de expulsar
o medo
botar a razão
pra fora
e servir
um vinho
envelhecido
entre as tensas
paredes
do coração
domingo, 4 de outubro de 2009
Embarque
Sabe esse rio?
Dizem que ele desce
É só subir
o rio
que dos males
se esquece
Basta
avistar o rio
e se encontrou o vale
Mas, todo
rio,
dizem,
nasce
tão longe
na serra
da pedra
sai um fio
d'água
e de repente
um córrego
um filho
da mãe d'água
e morre
o rio
ainda jovem
no porto
onde se faz
o parto
de todos os
mares
mas todo rio
o rio inteiro
qualquer rio
verdadeiro
é um homem
esperto
sempre a fugir
do mundo ruim
para disfarçadamente
se esconder
no oceano
e se fingir de mar morto
E na velhice,
o rio é Doce
o peixe disse
que o Rio Velho
é um espelho
é vermelho depois
do meio-dia
e à tarde
espalha
paz
que a gente pesca
pensando ser
melancolia
é o peixe
que o rio vende
o rio leva
a água
lava a égua
e engana
a quem está
crente
que ele chora
gosto de lágrima
quem tem
é o mar
já o rio
ri da gente
engana
se faz
de tonto
santo
e louco
o rio
encanoa
a gente
Apito final
Ele esperava
uma virada
no jogo
mas levou
uma goleada
e ficou em
estado de
partida:
a qualquer
momento
ele iria
mas de
repente
não conseguiu
evitar uma risada
ele riu
e não viu
mais nada
uma virada
no jogo
mas levou
uma goleada
e ficou em
estado de
partida:
a qualquer
momento
ele iria
mas de
repente
não conseguiu
evitar uma risada
ele riu
e não viu
mais nada
sábado, 3 de outubro de 2009
O traço e o risco
Traçar detalhadamente
os planos
para que nada
dê errado
riscar do mapa
todos os enganos
e perder
a emoção
de correr o risco
e viver
sob a ameaça
de encontrar
a fórmula
e ver
as coisas
aos poucos
perdendo
a graça
os planos
para que nada
dê errado
riscar do mapa
todos os enganos
e perder
a emoção
de correr o risco
e viver
sob a ameaça
de encontrar
a fórmula
e ver
as coisas
aos poucos
perdendo
a graça
Apertar os cintos
Apertem
o que sentem
o coração
sumiu
Não falem
agora
o silêncio
pediu
mais um minuto
de barulho
interior
dá tempo ainda
de revirar a casa
e encontrar
o cinto de segurança
que nesse caso,
não passa
de um sentimento
de esperança
o que sentem
o coração
sumiu
Não falem
agora
o silêncio
pediu
mais um minuto
de barulho
interior
dá tempo ainda
de revirar a casa
e encontrar
o cinto de segurança
que nesse caso,
não passa
de um sentimento
de esperança
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Aprendiz de letras e números
Se for provocado,
pode morder
se for convocado,
quer jogar
suar a camisa
e reger a multidão
se estiver machucado,
vai sarar
depois de
assimilar a dor
e adotar a ferida
foi reprovado por zerar
a redação
remanejado
para outra
repartição
por ter falado
do mais
e do menos
como simples
operações
descobriu
que viver
não é matemática
pode morder
se for convocado,
quer jogar
suar a camisa
e reger a multidão
se estiver machucado,
vai sarar
depois de
assimilar a dor
e adotar a ferida
foi reprovado por zerar
a redação
remanejado
para outra
repartição
por ter falado
do mais
e do menos
como simples
operações
descobriu
que viver
não é matemática
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
A lenha e a linha
Lenha e água,
navegação
linha e água,
pescaria
lenha e fogo,
São João
linha e fogo,
liquidação
lenha e terra,
cerca
linha e terra,
demarcação
lenha e ar,
fogo
linha e ar,
pipa
lenha, pedra e ferro,
linha de trem
navegação
linha e água,
pescaria
lenha e fogo,
São João
linha e fogo,
liquidação
lenha e terra,
cerca
linha e terra,
demarcação
lenha e ar,
fogo
linha e ar,
pipa
lenha, pedra e ferro,
linha de trem
Oração da Chuva
Chuva
me lave
me leve
e me pese
Chuva
me regue
me pegue
e me solte
Chuva
me escolte
até eu me salvar
E o que me salva
é matar a sede,
é molhar o rosto
O que me salva
é a água da chuva,
que não deixa o coração secar
me lave
me leve
e me pese
Chuva
me regue
me pegue
e me solte
Chuva
me escolte
até eu me salvar
E o que me salva
é matar a sede,
é molhar o rosto
O que me salva
é a água da chuva,
que não deixa o coração secar
Brincar de forca
Brinquemos de forca,
pensemos numa palavra
é preciso acreditar
na força da palavra
mas,
ainda não fale
nem escreva
apenas pense
em qualquer palavra
e credite um acontecimento
ao poder da palavra
muitas vezes repetida
acredite
na farsa da palavra
amole a fala
que falar é faca
corte o mal
pela raiz
afrouxe
a corda no pescoço
tire o nó
da garganta
pensemos numa palavra
é preciso acreditar
na força da palavra
mas,
ainda não fale
nem escreva
apenas pense
em qualquer palavra
e credite um acontecimento
ao poder da palavra
muitas vezes repetida
acredite
na farsa da palavra
amole a fala
que falar é faca
corte o mal
pela raiz
afrouxe
a corda no pescoço
tire o nó
da garganta
Os pontos
Jogar
para contar os pontos
Riscar
para ligar os pontos
Correr
para esperar nos pontos
Pedir
para parar nos pontos
Deixar
o corte se fechar
para retirar
os pontos
Cantar
toda vez
que der vontade
de entregar os pontos.
para contar os pontos
Riscar
para ligar os pontos
Correr
para esperar nos pontos
Pedir
para parar nos pontos
Deixar
o corte se fechar
para retirar
os pontos
Cantar
toda vez
que der vontade
de entregar os pontos.
Eco
A voz
repousa
o silêncio
nem ousa
mas
eis que
uma centelha
de brilho
no fundo do olho
tem o efeito
de um grito
dentro de uma caverna.
repousa
o silêncio
nem ousa
mas
eis que
uma centelha
de brilho
no fundo do olho
tem o efeito
de um grito
dentro de uma caverna.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Propostas e resignações
Não matar
não morrer
Escapar
mas sem correr
Fazer correrias
mas sem pressa
não atropelar
nem se descabelar
nada de decoreba
cacos
fazem bem ao texto
discorrer
suavemente
sobre o que
chora dentro da gente
sobre o que
vem à cabeça
sobre o que
faz rir
como é bom
sorrir discretamente
diante da placa
que diz
"sorria, você
está sendo filmado"
Não é fácil ser
um rio
e escorrer
docemente
até se rebelar
nas pedras
porque nem sempre
há um mar de alegria
à espera no final do
singramento
às vezes,
o sangramento parece
difícil de se estancar
mas, nada de
desespero
se for possível,
ainda dá para subverter
o alerta do
"salve-se quem
puder"
o que dá certo
mesmo é
salve-se,
toda vez que puder.
não morrer
Escapar
mas sem correr
Fazer correrias
mas sem pressa
não atropelar
nem se descabelar
nada de decoreba
cacos
fazem bem ao texto
discorrer
suavemente
sobre o que
chora dentro da gente
sobre o que
vem à cabeça
sobre o que
faz rir
como é bom
sorrir discretamente
diante da placa
que diz
"sorria, você
está sendo filmado"
Não é fácil ser
um rio
e escorrer
docemente
até se rebelar
nas pedras
porque nem sempre
há um mar de alegria
à espera no final do
singramento
às vezes,
o sangramento parece
difícil de se estancar
mas, nada de
desespero
se for possível,
ainda dá para subverter
o alerta do
"salve-se quem
puder"
o que dá certo
mesmo é
salve-se,
toda vez que puder.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Brinquedo de escrever
Um blog,
uma blague,
um bloco
na rua
uma briga
crônica
diária
semanal
extemporânea
espaço
contemporâneo
direito e
exercício de
expressão
desabafos
ensaios
pretensa poesia
divagações
devagar
mas com pressa
de falar
terei sempre
algo a dizer?
Um blog
impresso
primeiras
impressões
expressinho
direto
ou um
trenzinho
se contorcendo
entre as montanhas
do pensamento
um blog
passa devagar
pelo trilho cibernético
um blog,
meu lado,
seu lado,
outros lados
um blog
um imbroglio
motim
que não
se dissolve
um blog
proseia
e passeia
pelo black
um blog
também
é branco
e preto
um blog
é sério
um blog
é prata
é real
civilizado
e bronco
um blog
banca a ideia
mete bronca
um blog
se presta
a postar
um blog brinca
é um pombo correio
num vo o digital
pássaro que pousa
na ponta
de um novo meio
de bater as asas
diferente de um e-mail
mais que um gorjeio
menos que uma sinfonia
uma blague,
um bloco
na rua
uma briga
crônica
diária
semanal
extemporânea
espaço
contemporâneo
direito e
exercício de
expressão
desabafos
ensaios
pretensa poesia
divagações
devagar
mas com pressa
de falar
terei sempre
algo a dizer?
Um blog
impresso
primeiras
impressões
expressinho
direto
ou um
trenzinho
se contorcendo
entre as montanhas
do pensamento
um blog
passa devagar
pelo trilho cibernético
um blog,
meu lado,
seu lado,
outros lados
um blog
um imbroglio
motim
que não
se dissolve
um blog
proseia
e passeia
pelo black
um blog
também
é branco
e preto
um blog
é sério
um blog
é prata
é real
civilizado
e bronco
um blog
banca a ideia
mete bronca
um blog
se presta
a postar
um blog brinca
é um pombo correio
num vo o digital
pássaro que pousa
na ponta
de um novo meio
de bater as asas
diferente de um e-mail
mais que um gorjeio
menos que uma sinfonia
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Vento seco
Passou por mim
um vento seco
encharcou-me
de poeira
sujou-me
de esperança
uma estranha
camada
de melancolia
uma saudade
adivinhada
antecipada
tenho agora
uma cor de terra
e uma ânsia
a mesma
de quem abre mão
do sono reparador
para satisfazer
desejos
do corpo
um vento seco
encharcou-me
de poeira
sujou-me
de esperança
uma estranha
camada
de melancolia
uma saudade
adivinhada
antecipada
tenho agora
uma cor de terra
e uma ânsia
a mesma
de quem abre mão
do sono reparador
para satisfazer
desejos
do corpo
domingo, 30 de agosto de 2009
Indigência
Tece a teia
arranha
a lente
desmancha
a casa
desaloja
a aranha
arregaça
a manga
está na
garganta
o caroço
e arranha
o céu-da-boca
do estômago
vendeu
a janta
comprou
o almoço
e quando
bebe
desabafa
e quando
engole
desengasga
vai à luta
e come
grama
demente
em tese
mas não rasga
grana
então desmente
a tese
se não
baba
nem joga
pedra
não está
doente
não parece
mas ele
ainda é gente
arranha
a lente
desmancha
a casa
desaloja
a aranha
arregaça
a manga
está na
garganta
o caroço
e arranha
o céu-da-boca
do estômago
vendeu
a janta
comprou
o almoço
e quando
bebe
desabafa
e quando
engole
desengasga
vai à luta
e come
grama
demente
em tese
mas não rasga
grana
então desmente
a tese
se não
baba
nem joga
pedra
não está
doente
não parece
mas ele
ainda é gente
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Entre uma e outra coisa
Moro
perto
vivo longe
entre
o ponto de ônibus
e o ponto de vista
Durmo tarde
num lugar
entre o abrigo
e o esbarro
Faço coisas
E elas permanecem
guardadas
e espalhadas
entre o secreto
e o esparro
entre
o roteiro e o improviso
a lembrança
e o esquecimento.
Fases
Fazes
da lua
a luz
de alguma
poesia?
Fases
da lua
influenciam
teu dia?
Da noite
longa e fria,
sobraram
fezes
na calçada
Dos fusos
mal compensados
restam caras
mal dormidas
Mas,
há tempo
para jogar a vida
e nesse,
como em qualquer
jogo,
tudo é fase
Se a época
não é propícia,
é só esperar
mais um giro
completo da Terra
É tudo fase
e o segredo vem
no imperativo:
não esperes
tudo da vida
não esperes
nada da sorte
não esperes
da lua
a luz
de alguma
poesia?
Fases
da lua
influenciam
teu dia?
Da noite
longa e fria,
sobraram
fezes
na calçada
Dos fusos
mal compensados
restam caras
mal dormidas
Mas,
há tempo
para jogar a vida
e nesse,
como em qualquer
jogo,
tudo é fase
Se a época
não é propícia,
é só esperar
mais um giro
completo da Terra
É tudo fase
e o segredo vem
no imperativo:
não esperes
tudo da vida
não esperes
nada da sorte
não esperes
domingo, 23 de agosto de 2009
Crítica
A crítica
é cítrica,
ácida,
básica
a crítica,
até a apócrifa,
constrói
a crítica
rói
o mundo
que sustentava
o criticado
a crítica
é a crônica
do crescimento
é o tônico
do recomeço
que a crítica
venha seta
direta
ou nas entrelinhas
crítica
nunca vem
do baixo
crítica
de dentro
auto- crítica
ou de fora
que a crítica
me atinja
e dela eu não desvie
nem finja
que não vi
mesmo que
seja um míssil
com a missão
de destruir
seja a crítica
o mais difícil
instante
que ela acerte
bem no alvo
e eu me veja,
assim,
agradecido
e salvo.
é cítrica,
ácida,
básica
a crítica,
até a apócrifa,
constrói
a crítica
rói
o mundo
que sustentava
o criticado
a crítica
é a crônica
do crescimento
é o tônico
do recomeço
que a crítica
venha seta
direta
ou nas entrelinhas
crítica
nunca vem
do baixo
crítica
de dentro
auto- crítica
ou de fora
que a crítica
me atinja
e dela eu não desvie
nem finja
que não vi
mesmo que
seja um míssil
com a missão
de destruir
seja a crítica
o mais difícil
instante
que ela acerte
bem no alvo
e eu me veja,
assim,
agradecido
e salvo.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
O trem
Na música brasileira,
o trem é assunto recorrente.
Raul Seixas tinha o trem das sete.
Os Demônios da Garoa cantavam
que não podiam perder o trem das onze.
Cazuza embarcou num trem para
as estrelas.
Villa-Lobos viajava sem pressa
no trenzinho caipira.
Também não dá
para esquecer
o café com pão
café com pão
da poesia de Manuel Bandeira.
Na cultura mineira,
entre o erudito e o popular,
entre todos os ritmos,
entre a música do clube
da esquina
e as bandas no coreto
das praças,
entre as caixas do congado,
as violas e os violeiros,
entre as cantigas do Vale do Jequitinhonha
e o teatro do Grupo Galpão,
há um momento reservado
para um som sagrado:
o apito do trem.
Mineiro tira trem do olho,
enche a mala com os "trem"
e vai para a estação
pegar o vagão.
Mineiro,
quando está com fome,
come um trem qualquer.
Mineiro
não tem dúvida
de quando está apaixonado.
É só por sentido
nos sinais:
quando a paixão chega,
mineiro sente um trem no coração.
o trem é assunto recorrente.
Raul Seixas tinha o trem das sete.
Os Demônios da Garoa cantavam
que não podiam perder o trem das onze.
Cazuza embarcou num trem para
as estrelas.
Villa-Lobos viajava sem pressa
no trenzinho caipira.
Também não dá
para esquecer
o café com pão
café com pão
da poesia de Manuel Bandeira.
Na cultura mineira,
entre o erudito e o popular,
entre todos os ritmos,
entre a música do clube
da esquina
e as bandas no coreto
das praças,
entre as caixas do congado,
as violas e os violeiros,
entre as cantigas do Vale do Jequitinhonha
e o teatro do Grupo Galpão,
há um momento reservado
para um som sagrado:
o apito do trem.
Mineiro tira trem do olho,
enche a mala com os "trem"
e vai para a estação
pegar o vagão.
Mineiro,
quando está com fome,
come um trem qualquer.
Mineiro
não tem dúvida
de quando está apaixonado.
É só por sentido
nos sinais:
quando a paixão chega,
mineiro sente um trem no coração.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Inescrever
Há dias em que eu escrevo
noutros,
apenas relevo
a vontade
algumas idéias
são assim mesmo
têm a vaidade
de achar
que merecem ser ditas
O silêncio
da folha em branco
só não tem a mesma
eloquência
de uma folha verde
à espera do momento
de se libertar da árvore
nem a nobreza
da mudez de uma folha seca
noutros,
apenas relevo
a vontade
algumas idéias
são assim mesmo
têm a vaidade
de achar
que merecem ser ditas
O silêncio
da folha em branco
só não tem a mesma
eloquência
de uma folha verde
à espera do momento
de se libertar da árvore
nem a nobreza
da mudez de uma folha seca
domingo, 9 de agosto de 2009
Em cômodos
Basta um tijolo
no quintal das lembranças
basta uma tinta branca
descascando no quarto da infância
e lá vai parede
memória adentro da casa
sete pessoas
moram em três incômodos
o pai cospe
no cimento frio da cozinha
o dinheiro do mês
só vai dar para uns dias
corta a pasta de dente
da lista do armazém
corta também
o desodorante
o sabonete
e o papel higiênico
mas, o quintal tem galinha
que a mãe faz sangrar
no prato de esmalte
se o vô Chico Marta
trouxer um guaraná,
está salvo o almoço do domingo
no quintal das lembranças
basta uma tinta branca
descascando no quarto da infância
e lá vai parede
memória adentro da casa
sete pessoas
moram em três incômodos
o pai cospe
no cimento frio da cozinha
o dinheiro do mês
só vai dar para uns dias
corta a pasta de dente
da lista do armazém
corta também
o desodorante
o sabonete
e o papel higiênico
mas, o quintal tem galinha
que a mãe faz sangrar
no prato de esmalte
se o vô Chico Marta
trouxer um guaraná,
está salvo o almoço do domingo
Cerca viva
Esses anos todos
esses ipês roxos
o cheiro de goiaba madura
aquela flor arrepiada
como um cabelo moicano
é a cerca viva da escola
agora que eu arranquei a flor
só há uma coisa a fazer por ela
é assoprar suavemente
e fazê-la flutuar
pratos de esmalte
no recreio
mingau de fubá
e couve
o que houve com a infância
de hoje?
Nada de mau
foi apenas o mundo
que deixou as coisas
muito prontas demais
esses ipês roxos
o cheiro de goiaba madura
aquela flor arrepiada
como um cabelo moicano
é a cerca viva da escola
agora que eu arranquei a flor
só há uma coisa a fazer por ela
é assoprar suavemente
e fazê-la flutuar
pratos de esmalte
no recreio
mingau de fubá
e couve
o que houve com a infância
de hoje?
Nada de mau
foi apenas o mundo
que deixou as coisas
muito prontas demais
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Amor amor
Um amor de domingo
a gente esquece na segunda-feira
amor à primeira vista
ou de primeira viagem
amor bom,
o que a gente escolhe
gostoso colher amor
mas, o que sustenta
e tem sabor
é o amor
que a gente planta
o amor
está à venda
e tem dia
que a gente compra
há o amor
que é só um caso
e amor de casamento
amor que acaba
que recomeça
amor que suga
amor que compensa
amor que dá ruga
e amor que rejuvenesce
amor explícito
e amor que nem parece!
Mas, o melhor de tudo
é quando o amor engole a gente
e quando a gente pega o amor
e come
o amor nos agiganta
e nos consome
é bom cheirar o amor
mas evite podar o amor
é bom regar o amor
amor bonito,
amor mais rico,
faz rir e chorar,
morrer e renascer
amor, assim como a vida
e como a morte,
encanta
amor louco e são
é mesmo
o amor que a gente planta.
a gente esquece na segunda-feira
amor à primeira vista
ou de primeira viagem
amor bom,
o que a gente escolhe
gostoso colher amor
mas, o que sustenta
e tem sabor
é o amor
que a gente planta
o amor
está à venda
e tem dia
que a gente compra
há o amor
que é só um caso
e amor de casamento
amor que acaba
que recomeça
amor que suga
amor que compensa
amor que dá ruga
e amor que rejuvenesce
amor explícito
e amor que nem parece!
Mas, o melhor de tudo
é quando o amor engole a gente
e quando a gente pega o amor
e come
o amor nos agiganta
e nos consome
é bom cheirar o amor
mas evite podar o amor
é bom regar o amor
amor bonito,
amor mais rico,
faz rir e chorar,
morrer e renascer
amor, assim como a vida
e como a morte,
encanta
amor louco e são
é mesmo
o amor que a gente planta.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Pequena História
A história
era sem pé
o herói,
sem cabeça
não era impressa
em páginas
mas escrita
às pressas
nas imáginas
era sem pé
o herói,
sem cabeça
não era impressa
em páginas
mas escrita
às pressas
nas imáginas
O livro
Livro
é vulcão
faz as vezes
da lava
livro ladra
faz as vozes
do cão
o livro morde
e age em silêncio
o livro
nos rouba
de nós mesmos
mas, bom ladrão.
devolve-nos
de página virada
o livro cai
como uma luva
na nossa solidão
o livro cai
como um livro
na nossa mão
é vulcão
faz as vezes
da lava
livro ladra
faz as vozes
do cão
o livro morde
e age em silêncio
o livro
nos rouba
de nós mesmos
mas, bom ladrão.
devolve-nos
de página virada
o livro cai
como uma luva
na nossa solidão
o livro cai
como um livro
na nossa mão
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Jogo da verdade
A verdade
tem dia que insiste
verdade existe?
É questão de crença,
ou coisa de criança
criança não mente
portanto,
mentir é sinal de
amadurecimento
adultos mentem
quando descobrem
os perigos,
as armadilhas
da verdade
verdade absoluta
fundamentaliza
faz o que nasceu
da mente
virar lei
o autor da idéia
vira rei
em nome da verdade,
monte-se
uma verdade
assim como a mentira,
verdade também se inventa
verdade também se
aumenta
e verdade em excesso
mentira é
e até ao amigo
de verdade,
evita-se
pronunciá-la
ela,
a verdade
daquela
do tipo
tapa na cara
e é assim
que a gente
só vai voltar
a parar de mentir
quando estiver
velho
é quando
a gente volta
a ser criança
e fica mais próximo
daquela,
dizem,
a única verdade
e começa de novo
o jogo:
morte existe?
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Positivamente
Certidão negativa,
fato positivo
exame positivo,
depende
pode ser
doença,
verme
ou bebê
pensamento positivo
desenha fatos
pensar positivo
é fotografar a memória
daquilo que ainda não aconteceu
como se o virtual
fosse um estágio
anterior ao surreal
daí para o real,
basta uma pincelada
de Pablo Picasso,
um capítulo
de Gabriel Garcia Marquez
dependendo
do grau de embriaguês,
nunca mais se acorda
do devaneio
e as páginas
vão ficando estranhas
palavras mortas,
feitas com letras vivas
livros novos,
com cheiro de mofo
no mais,
pensar é menos
sentir
é que merece
espaço
e não gasta passo
e não bate de frente
com o tempo
às vezes,
basta mirar profundamente
uma vírgula,
cuidadosamente enfiada
numa frase de Guimarães Rosa
fato positivo
exame positivo,
depende
pode ser
doença,
verme
ou bebê
pensamento positivo
desenha fatos
pensar positivo
é fotografar a memória
daquilo que ainda não aconteceu
como se o virtual
fosse um estágio
anterior ao surreal
daí para o real,
basta uma pincelada
de Pablo Picasso,
um capítulo
de Gabriel Garcia Marquez
dependendo
do grau de embriaguês,
nunca mais se acorda
do devaneio
e as páginas
vão ficando estranhas
palavras mortas,
feitas com letras vivas
livros novos,
com cheiro de mofo
no mais,
pensar é menos
sentir
é que merece
espaço
e não gasta passo
e não bate de frente
com o tempo
às vezes,
basta mirar profundamente
uma vírgula,
cuidadosamente enfiada
numa frase de Guimarães Rosa
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Ecos da semana
- Treze rodadas, um terço do campeonato brasileiro já disputado. E o "cavalo paraguaio" continua na liderança. Será que vai ser ultrapassado na curva? Vai faltar fôlego na reta final? Muita gente aposta que sim. Mas, os atleticanos só querem curtir essa boa fase. Mineirão lotado, Diego Tardelli, Éder Luís, Márcio Araújo, Welton Felipe e o goleiro Aranha jogando um bom futebol. E Celso Roth com o prestígio em alta. Sonhar não custa nada!
- O Cruzeiro deu um passo importante para recuperar o moral depois da derrota na decisão da Libertadores. Contra o Santo André, voltou a ser aquela equipe encorpada, forte. Não faz nenhum sentido imaginar que com jogadores do quilate de Kléber, Fábio, Marquinhos Paraná e Wagner, o time corra algum risco de ser rebaixado. Parece que a reabilitação já começou.
- Aos poucos, os estadunidenses vão abanndonando a fixação em achar um culpado para a morte de Michael Jackson.
- Depois de um início de mês assustador, com muitos homicídios na primeira semana, Governador Valadares está há nove dias sem registrar um assassinato sequer. Que essa onda seja duradoura!
- A divulgação da pesquisa, que mostra a cidade como a segunda do país em número de assassinatos de jovens até os 19 anos, mexeu com os brios de autoridades policiais, judiciais e políticas. Ainda bem. Só o fato de haver uma reação, com ares de indignação, já mostra que não estamos em estado de letargia. O problema da segurança pública é de todos nós.
- O Cruzeiro deu um passo importante para recuperar o moral depois da derrota na decisão da Libertadores. Contra o Santo André, voltou a ser aquela equipe encorpada, forte. Não faz nenhum sentido imaginar que com jogadores do quilate de Kléber, Fábio, Marquinhos Paraná e Wagner, o time corra algum risco de ser rebaixado. Parece que a reabilitação já começou.
- Aos poucos, os estadunidenses vão abanndonando a fixação em achar um culpado para a morte de Michael Jackson.
- Depois de um início de mês assustador, com muitos homicídios na primeira semana, Governador Valadares está há nove dias sem registrar um assassinato sequer. Que essa onda seja duradoura!
- A divulgação da pesquisa, que mostra a cidade como a segunda do país em número de assassinatos de jovens até os 19 anos, mexeu com os brios de autoridades policiais, judiciais e políticas. Ainda bem. Só o fato de haver uma reação, com ares de indignação, já mostra que não estamos em estado de letargia. O problema da segurança pública é de todos nós.
sábado, 18 de julho de 2009
Linguagem
A linguagem
faz
das tripas coração
pra transformar
o que se diz
em compreensão
O que você quer dizer?
Não importa
O que é importa
é como vai dizer
Vai falar que ama?
Fale
Dê com a língua nos dentes,
passe a língua
no sexo
Vai dizer que odeia?
Pode usar a linguagem
do beijo
do aceno
da arma
do obsceno
Linguagem
é um barítono
no palco
é uma barata na sala
linguagem
é um barato
de droga
é uma liquidação barata
de palavras
formas
preços
e prazos
linguagem
é uma tromba d'água
que desaloja o conteúdo
faz
das tripas coração
pra transformar
o que se diz
em compreensão
O que você quer dizer?
Não importa
O que é importa
é como vai dizer
Vai falar que ama?
Fale
Dê com a língua nos dentes,
passe a língua
no sexo
Vai dizer que odeia?
Pode usar a linguagem
do beijo
do aceno
da arma
do obsceno
Linguagem
é um barítono
no palco
é uma barata na sala
linguagem
é um barato
de droga
é uma liquidação barata
de palavras
formas
preços
e prazos
linguagem
é uma tromba d'água
que desaloja o conteúdo
terça-feira, 14 de julho de 2009
Rotina de morte e vida
Toda vez
que eu morro
é assim:
uma subida,
uma árvore encorpada,
deixando a luz vazar
a sombra,
folhas caindo
no tempo exato.
Quando eu morro,
antes de levarem
meu corpo,
tenho a alma
bem lavada,
feito nosso time
goleando o maior rival.
Toda vez
eu morro assim:
sem saber a causa,
sem sair de casa,
sem bala perdida.
Mas, a pior morte
é essa:
viver como causa perdida.
E a melhor qualidade de vida
é, sim,
morrer todo dia
e saber que os anjos lá de cima
ou os demônios lá de baixo
moram é aqui dentro.
que eu morro
é assim:
uma subida,
uma árvore encorpada,
deixando a luz vazar
a sombra,
folhas caindo
no tempo exato.
Quando eu morro,
antes de levarem
meu corpo,
tenho a alma
bem lavada,
feito nosso time
goleando o maior rival.
Toda vez
eu morro assim:
sem saber a causa,
sem sair de casa,
sem bala perdida.
Mas, a pior morte
é essa:
viver como causa perdida.
E a melhor qualidade de vida
é, sim,
morrer todo dia
e saber que os anjos lá de cima
ou os demônios lá de baixo
moram é aqui dentro.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
A terra tremeu!
A terra tremeu na noite de quarta-feira.
Não. Não é sentido figurado.
Não foi nenhum show da exposição
agropecuária de Governador Valadares.
Nem o velório de Michael Jackson.
Foi na região dos bairros Grã-duquesa,
Morada do Vale,Vale Verde
e Esperança.
Moradores saíram assustados de casa.
Pratos, talheres, rádios de pilha
caíram no chão.
Há relatos de pessoas que estavam deitadas
no sofá
e se prostraram,
de joelhos,
para se entregar ao apocalipse.
Acharam que era o fim do mundo.
Mas, a maioria pensou que era um terremoto.
Os bombeiros foram chamados.
A Defesa Civil foi acionada.
Na quinta, pela manhã, uma vistoria
concluiu que não houve abalo císmico.
Os cismógrafos de Brasília não registraram
um grauzinho sequer na famosa escala Richter.
Tudo indica que o problema tenha sido causado
por explosões, feitas numa pedreira.
Como não chegou a ser trágico,
fiquemos apenas com o lado cômico do episódio.
Resguardando-se, é claro,
a necessidade de se averiguar
a possibilidade de que novas explosões
tragam riscos mais graves
aos moradores próximos da pedreira.
É mais um capítulo das situações inusitadas,
vividas pelo pessoal do Corpo de Bombeiros.
E isso, no mesmo dia em que uma capivara mordeu um homem,
que tentava capturá-la.
Como lembrança, ele ganhou vinte e um pontos na perna.
Quem sabe, a gente não se esqueça de
como "eticamente", os animais,
mesmo os mais sevalgens,
estão bem à nossa frente:
eles só atacam para a sobrevivência,
para ter alimento
ou para se defender,
como parece ter sido o caso da capivara.
E nós, seres humanos, é que levamos a fama
de racionais.
Não. Não é sentido figurado.
Não foi nenhum show da exposição
agropecuária de Governador Valadares.
Nem o velório de Michael Jackson.
Foi na região dos bairros Grã-duquesa,
Morada do Vale,Vale Verde
e Esperança.
Moradores saíram assustados de casa.
Pratos, talheres, rádios de pilha
caíram no chão.
Há relatos de pessoas que estavam deitadas
no sofá
e se prostraram,
de joelhos,
para se entregar ao apocalipse.
Acharam que era o fim do mundo.
Mas, a maioria pensou que era um terremoto.
Os bombeiros foram chamados.
A Defesa Civil foi acionada.
Na quinta, pela manhã, uma vistoria
concluiu que não houve abalo císmico.
Os cismógrafos de Brasília não registraram
um grauzinho sequer na famosa escala Richter.
Tudo indica que o problema tenha sido causado
por explosões, feitas numa pedreira.
Como não chegou a ser trágico,
fiquemos apenas com o lado cômico do episódio.
Resguardando-se, é claro,
a necessidade de se averiguar
a possibilidade de que novas explosões
tragam riscos mais graves
aos moradores próximos da pedreira.
É mais um capítulo das situações inusitadas,
vividas pelo pessoal do Corpo de Bombeiros.
E isso, no mesmo dia em que uma capivara mordeu um homem,
que tentava capturá-la.
Como lembrança, ele ganhou vinte e um pontos na perna.
Quem sabe, a gente não se esqueça de
como "eticamente", os animais,
mesmo os mais sevalgens,
estão bem à nossa frente:
eles só atacam para a sobrevivência,
para ter alimento
ou para se defender,
como parece ter sido o caso da capivara.
E nós, seres humanos, é que levamos a fama
de racionais.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Kaká X Cristiano Ronaldo
Afinal, quem é melhor?
Kaká ou Cristiano Ronaldo?
A julgar pelos valores financeiros
da compra dos direitos econômicos de
cada um deles,
Cristiano Ronaldo foi mais caro.
Será que ele joga mais do que Kaká
e vale mais do que Kaká?
Pelo menos em termos financeiros,
1 a 0 para Cristiano.
E qual dos dois vai se destacar
mais no Real Madrid?
Kaká com a camisa 8?
Ou Cristiano, com a número 9,
que já foi de Ronaldo?
Cinquenta mil pessoas lotaram
o estádio para receber Kaká.
Oitenta mil pessoas superlotaram
o mesmo estádio
para dar as boas-vindas a
Cristiano Ronaldo em Madrid.
2 a 0 para ele.
Na hora de se dirigir aos fanáticos
torcedores do Real Madrid,
Kaká resolveu fazer discurso
em espanhol.
Cristiano Ronaldo
fez questão de falar em bom
português.
3 x 0
para o português.
Mas, como os dois ainda não entraram em campo
para fazer valer toda essa festa que tiveram na chegada,
Kaká ainda tem muito tempo para virar esse jogo.
Kaká ou Cristiano Ronaldo?
A julgar pelos valores financeiros
da compra dos direitos econômicos de
cada um deles,
Cristiano Ronaldo foi mais caro.
Será que ele joga mais do que Kaká
e vale mais do que Kaká?
Pelo menos em termos financeiros,
1 a 0 para Cristiano.
E qual dos dois vai se destacar
mais no Real Madrid?
Kaká com a camisa 8?
Ou Cristiano, com a número 9,
que já foi de Ronaldo?
Cinquenta mil pessoas lotaram
o estádio para receber Kaká.
Oitenta mil pessoas superlotaram
o mesmo estádio
para dar as boas-vindas a
Cristiano Ronaldo em Madrid.
2 a 0 para ele.
Na hora de se dirigir aos fanáticos
torcedores do Real Madrid,
Kaká resolveu fazer discurso
em espanhol.
Cristiano Ronaldo
fez questão de falar em bom
português.
3 x 0
para o português.
Mas, como os dois ainda não entraram em campo
para fazer valer toda essa festa que tiveram na chegada,
Kaká ainda tem muito tempo para virar esse jogo.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Pezinho de Alface
- Alô! Abigail?
- Sim, desculpe a demora. Eu estava lavando roupa.
É assim que ela atende o telefone. A simplicidade típica de uma dona de casa torna a história dessa mulher ainda mais interessante. Abigail Gonçalves, viúva, mãe de três filhos, todos já formados, como ela diz; não se preocupa apenas com os “meninos” de casa.
Nos últimos quinze anos, Abigail se tornou guardiã dos direitos de crianças e adolescentes de Governador Valadares. Como toda evangélica, gosta de ler a escritura sagrada, mas não abre mão de saber de cor os “versículos” mais importantes da segunda “Bíblia”, que ela tem em casa. “Todos os pecados e erros cometidos contra os meninos e as meninas deste país, só são praticados por causa do desconhecimento e do descumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente.”
Ao participar de uma mobilização da comunidade para reerguer uma creche do bairro Santa Rita, em 1993, Abigail acabou tomando contato com uma realidade que não conhecia. “Os meninos chegavam à creche de pezinho no chão; alguns muito magrinhos”, lembra. Não demorou e ela percebeu que as crianças maiores, as adolescentes, ficavam com muito tempo ocioso, que poderia ser mais bem aproveitado. Abigail e um grupo de mulheres fizeram uma campanha de doações, arrecadaram dinheiro, compraram bebedouro, ganharam material de limpeza, e até oito máquinas de costura. “Conseguimos montar um curso de corte e costura e outro de arte culinária”.
A partir daí, a dona de casa não parou mais em casa.
Em 1996, incentivada pelos vizinhos, candidatou-se ao conselho tutelar. Foi eleita. E depois, reeleita. Foram seis anos de mandato.
Como conselheira tutelar, Abigail acompanhou a difícil fase do antigo CENISA, local onde eram internados os adolescentes que cometiam atos infracionais. Período conturbado, de muitas rebeliões. Inúmeras vezes, Abigail era quem ia atrás de juízes, promotores, advogados, políticos, prefeitos, deputados, para pedir socorro. “Eu não queria mordomias para os internos do CENISA. Queria apenas que fossem respeitados os direitos deles como pessoas. E que tivessem a chance de se recuperar e se reintegrar à sociedade.”
Foi nesse período que Abigail ganhou um apelido dos adolescentes do CENISA: “Pezinho de Alface.” No auge dos tumultos no centro de internação, à noite, os meninos pediam que alguém levasse café para eles nos alojamentos. Aí, entrava em cena o bom humor e a presença de espírito de quem sabe como dialogar com os adolescentes. “Eu falava pra eles: gente, café vai deixar vocês mais nervosos: vocês têm é de tomar um chazinho, comer alface, pra ficar todo mundo mais calmo.”
Da época de conselheira tutelar, ela também não se esquece do apoio que recebeu do marido: “Numa das muitas vezes, em que o telefone tocou lá em casa de madrugada, fui informada de que um bebê, de um ano e meio, havia sido abandonado na rua, no centro da cidade. Acordei o meu marido, e ele, mesmo com muito sono, levantou-se da cama, e foi lá comigo para recolher a criança”, revela.
Abigail perdeu o marido, quando estava no segundo mandato como conselheira tutelar, no ano 2000. Quis o destino que o companheiro se fosse, de forma repentina, na véspera do aniversário dela. Essa coincidência de datas entre morte e o que deveria ter sido a comemoração pela vida gerou uma situação inusitada. “Ele estava tão bem de saúde, que de manhã, contratou o serviço de telemensagem para o dia seguinte. Quando a funcionária ligou para a minha casa para passar a mensagem, minha filha atendeu. Era a mensagem me parabenizando pelo aniversário. Só que naquele mesmo instante, o homem que mandou o presente, estava sendo velado numa igreja do bairro.”
Ela ainda se recuperava da perda do marido, quando um ano depois, via-se diante de um novo e duro desafio. Tinha em mãos, um exame médico que não deixava dúvidas: estava com um câncer na faringe, no estágio 3. “Os médicos me deram alguns meses de vida. Até hoje, eles falam que não acreditam que eu esteja aqui.”
Depois de sete anos de muita radioterapia e quimioterapia, Abigail ainda não se livrou totalmente da doença. De três em três meses, tem de fazer acompanhamento médico. Mas, já provou que não é de entregar os pontos. A explicação para tanta força? “A paixão pela criança e pelo adolescente me mantém de pé.”
E a recíproca parece ser verdadeira. Um dia, voltando do médico, Abigail encontrou na rua alguns dos adolescentes que já passaram por ela no antigo CENISA. “ Eles me viram quase sem cabelo, com um lenço amarrado na cabeça. Ficaram arrasados. Um deles apertou a minha mão e disse: - Estou conversando com Deus; ele falou que vai salvar a senhora.”
- Sim, desculpe a demora. Eu estava lavando roupa.
É assim que ela atende o telefone. A simplicidade típica de uma dona de casa torna a história dessa mulher ainda mais interessante. Abigail Gonçalves, viúva, mãe de três filhos, todos já formados, como ela diz; não se preocupa apenas com os “meninos” de casa.
Nos últimos quinze anos, Abigail se tornou guardiã dos direitos de crianças e adolescentes de Governador Valadares. Como toda evangélica, gosta de ler a escritura sagrada, mas não abre mão de saber de cor os “versículos” mais importantes da segunda “Bíblia”, que ela tem em casa. “Todos os pecados e erros cometidos contra os meninos e as meninas deste país, só são praticados por causa do desconhecimento e do descumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente.”
Ao participar de uma mobilização da comunidade para reerguer uma creche do bairro Santa Rita, em 1993, Abigail acabou tomando contato com uma realidade que não conhecia. “Os meninos chegavam à creche de pezinho no chão; alguns muito magrinhos”, lembra. Não demorou e ela percebeu que as crianças maiores, as adolescentes, ficavam com muito tempo ocioso, que poderia ser mais bem aproveitado. Abigail e um grupo de mulheres fizeram uma campanha de doações, arrecadaram dinheiro, compraram bebedouro, ganharam material de limpeza, e até oito máquinas de costura. “Conseguimos montar um curso de corte e costura e outro de arte culinária”.
A partir daí, a dona de casa não parou mais em casa.
Em 1996, incentivada pelos vizinhos, candidatou-se ao conselho tutelar. Foi eleita. E depois, reeleita. Foram seis anos de mandato.
Como conselheira tutelar, Abigail acompanhou a difícil fase do antigo CENISA, local onde eram internados os adolescentes que cometiam atos infracionais. Período conturbado, de muitas rebeliões. Inúmeras vezes, Abigail era quem ia atrás de juízes, promotores, advogados, políticos, prefeitos, deputados, para pedir socorro. “Eu não queria mordomias para os internos do CENISA. Queria apenas que fossem respeitados os direitos deles como pessoas. E que tivessem a chance de se recuperar e se reintegrar à sociedade.”
Foi nesse período que Abigail ganhou um apelido dos adolescentes do CENISA: “Pezinho de Alface.” No auge dos tumultos no centro de internação, à noite, os meninos pediam que alguém levasse café para eles nos alojamentos. Aí, entrava em cena o bom humor e a presença de espírito de quem sabe como dialogar com os adolescentes. “Eu falava pra eles: gente, café vai deixar vocês mais nervosos: vocês têm é de tomar um chazinho, comer alface, pra ficar todo mundo mais calmo.”
Da época de conselheira tutelar, ela também não se esquece do apoio que recebeu do marido: “Numa das muitas vezes, em que o telefone tocou lá em casa de madrugada, fui informada de que um bebê, de um ano e meio, havia sido abandonado na rua, no centro da cidade. Acordei o meu marido, e ele, mesmo com muito sono, levantou-se da cama, e foi lá comigo para recolher a criança”, revela.
Abigail perdeu o marido, quando estava no segundo mandato como conselheira tutelar, no ano 2000. Quis o destino que o companheiro se fosse, de forma repentina, na véspera do aniversário dela. Essa coincidência de datas entre morte e o que deveria ter sido a comemoração pela vida gerou uma situação inusitada. “Ele estava tão bem de saúde, que de manhã, contratou o serviço de telemensagem para o dia seguinte. Quando a funcionária ligou para a minha casa para passar a mensagem, minha filha atendeu. Era a mensagem me parabenizando pelo aniversário. Só que naquele mesmo instante, o homem que mandou o presente, estava sendo velado numa igreja do bairro.”
Ela ainda se recuperava da perda do marido, quando um ano depois, via-se diante de um novo e duro desafio. Tinha em mãos, um exame médico que não deixava dúvidas: estava com um câncer na faringe, no estágio 3. “Os médicos me deram alguns meses de vida. Até hoje, eles falam que não acreditam que eu esteja aqui.”
Depois de sete anos de muita radioterapia e quimioterapia, Abigail ainda não se livrou totalmente da doença. De três em três meses, tem de fazer acompanhamento médico. Mas, já provou que não é de entregar os pontos. A explicação para tanta força? “A paixão pela criança e pelo adolescente me mantém de pé.”
E a recíproca parece ser verdadeira. Um dia, voltando do médico, Abigail encontrou na rua alguns dos adolescentes que já passaram por ela no antigo CENISA. “ Eles me viram quase sem cabelo, com um lenço amarrado na cabeça. Ficaram arrasados. Um deles apertou a minha mão e disse: - Estou conversando com Deus; ele falou que vai salvar a senhora.”
sábado, 4 de julho de 2009
Cores do poema
Nos primeiros anos de escola,
poesia era
métrica
Para extrair
o sumo poético,
só espremendo
as letras
no rigor do
limite das sílabas
O rumo era a rima
a rima era o remo
nas mãos do poeta canoeiro
Hoje,
poetizar ainda é pescar
palavras no oceano
Mas,
agora,
é com
o verso branco
que a gente brinca
de ser poeta.
De vez em quando,
a frase sai cheia de cores
Sem a obrigatoriedade
da rima,
ela chega quando quer,
acha logo o seu par
e o chama pra dançar
e é assim que,
mesmo
sem ter quatro versos,
qualquer estrofe
pode ser chamada
de quadrilha.
poesia era
métrica
Para extrair
o sumo poético,
só espremendo
as letras
no rigor do
limite das sílabas
O rumo era a rima
a rima era o remo
nas mãos do poeta canoeiro
Hoje,
poetizar ainda é pescar
palavras no oceano
Mas,
agora,
é com
o verso branco
que a gente brinca
de ser poeta.
De vez em quando,
a frase sai cheia de cores
Sem a obrigatoriedade
da rima,
ela chega quando quer,
acha logo o seu par
e o chama pra dançar
e é assim que,
mesmo
sem ter quatro versos,
qualquer estrofe
pode ser chamada
de quadrilha.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Elementos
Já houve um tempo
era o vento
que passava
depois,
passou a ser
o tempo
que voava
Aí chegou o dia
o ar
em mim faltava
E era mesmo de
vento
que eu me alimentava
o fogo
em mim ardia
a terra
dos meus pés fugia
Só a água
me compreendia
talvez ela soubesse
muito
da sede que eu sentia
era o vento
que passava
depois,
passou a ser
o tempo
que voava
Aí chegou o dia
o ar
em mim faltava
E era mesmo de
vento
que eu me alimentava
o fogo
em mim ardia
a terra
dos meus pés fugia
Só a água
me compreendia
talvez ela soubesse
muito
da sede que eu sentia
Maturação
Todo passo que dou
é um voo que faço
cada farsa que uso
é um rosto que eu traço
Meu auto-retrato
sai em baixo-relevo
se eu me perco
na casa
entre o alto-falante
e o criado mudo
já me encontro
criado
pronto pra tudo
só não estou preparado
para os mares mais profundos
nem para as luzes
que tanto guiam como cegam
Mas estou tonto um tanto
pra me entregar a essa vertigem.
é um voo que faço
cada farsa que uso
é um rosto que eu traço
Meu auto-retrato
sai em baixo-relevo
se eu me perco
na casa
entre o alto-falante
e o criado mudo
já me encontro
criado
pronto pra tudo
só não estou preparado
para os mares mais profundos
nem para as luzes
que tanto guiam como cegam
Mas estou tonto um tanto
pra me entregar a essa vertigem.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Sombras, luzes e futuros
Era um troço assim,
sem muito nexo
Um traço fino e trêmulo,
curva incerta
reta estreita e curta
estranha estrada
Era um som ruim,
mas não era pra tocar
Ah, bom!
Era só pra vender.
E quem me empresta
a receita do que é bom?
Eu era criança,
a sorte
era uma sombra
existindo sem sol.
Eu tinha esperança.
Mas, a morte, uma sombra
vagando na noite.
Sombra tão forte,
nem precisava da lua
para andar lado a lado
Ainda está aí?
Mas, é preciso caminhar.
Amor que presta
não é o que dura
é o que resta dele?
Amor enche o prato
de bom tempero
tem um quê
de doença e cura
Saúde que se preze
é sem sal
Oração que se reze
não tem ponto final
E o tal futuro?
Era já escombro
de algo ainda por desabar.
sem muito nexo
Um traço fino e trêmulo,
curva incerta
reta estreita e curta
estranha estrada
Era um som ruim,
mas não era pra tocar
Ah, bom!
Era só pra vender.
E quem me empresta
a receita do que é bom?
Eu era criança,
a sorte
era uma sombra
existindo sem sol.
Eu tinha esperança.
Mas, a morte, uma sombra
vagando na noite.
Sombra tão forte,
nem precisava da lua
para andar lado a lado
Ainda está aí?
Mas, é preciso caminhar.
Amor que presta
não é o que dura
é o que resta dele?
Amor enche o prato
de bom tempero
tem um quê
de doença e cura
Saúde que se preze
é sem sal
Oração que se reze
não tem ponto final
E o tal futuro?
Era já escombro
de algo ainda por desabar.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Silêncios e barulhos
Qual barulho te incomoda?
O som alto de um carro?
O som alto da igreja?
Zumbido de pernilongo?
Alarmes que disparam e ninguém aparece nem pra ver se era o ladrão?
Formigas não gostam de cigarras,
principalmente quando elas, as cigarras,
cismam de dar show até tarde da noite
e as formigas precisam trabalhar na manhã seguinte.
Nossos tímpanos são limitados.
À certa altura,
alguns sons se tornam insuportáveis.
Até o galo,
acostumado a cantar de madrugada,
dentro da cidade,
torna-se indesejável.
Que o digam os hóspedes de um hotel
de Governador Valadares
que já denunciaram um bichinho desse
ao disque-sossego.
E qual é o limite
entre a poluição sonora
e a intolerância de um vizinho ranzinza?
Qual o limite
entre a minha alegria extravazada ao máximo
e a necessidade do silêncio
para reorganizar o pensamento,
descansar o corpo
e reequilibrar a alma agitada?
Como diz Milton Nascimento:
"Lembra que o sono é sagrado
e alimenta de horizontes o tempo
acordado de viver."
O som alto de um carro?
O som alto da igreja?
Zumbido de pernilongo?
Alarmes que disparam e ninguém aparece nem pra ver se era o ladrão?
Formigas não gostam de cigarras,
principalmente quando elas, as cigarras,
cismam de dar show até tarde da noite
e as formigas precisam trabalhar na manhã seguinte.
Nossos tímpanos são limitados.
À certa altura,
alguns sons se tornam insuportáveis.
Até o galo,
acostumado a cantar de madrugada,
dentro da cidade,
torna-se indesejável.
Que o digam os hóspedes de um hotel
de Governador Valadares
que já denunciaram um bichinho desse
ao disque-sossego.
E qual é o limite
entre a poluição sonora
e a intolerância de um vizinho ranzinza?
Qual o limite
entre a minha alegria extravazada ao máximo
e a necessidade do silêncio
para reorganizar o pensamento,
descansar o corpo
e reequilibrar a alma agitada?
Como diz Milton Nascimento:
"Lembra que o sono é sagrado
e alimenta de horizontes o tempo
acordado de viver."
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Sobre a escrita
Escravo da palavra,
quem é
lê
escreve
Crer ou não crer
já é outra questão
descrente da palavra
quem é descarta
nem livro,
nem jornal,
nem carta
Quem escreve
independe da fé
não defende
não ataca
só arrisca
e finca estaca
naquilo que lhe consome
narra
inventa
escracha
Escrota
a palavra maldita
faz estrago
Só Saramago
nos salva
do fogo
do mal escrito
Virada do meio do ano
Chegamos à metade exata do ano. Daqui a seis meses, 2010 estará na porta. Eleições, Copa do Mundo...
Até agora, 2009 nos reservou um cardápio misto de crise econômica, acidentes aéreos, escândalos no senado, mortes de celebridades, início de mandatos de prefeitos eleitos em outubro passado.
Como já escrevera Carlos Drumond de Andrade, alguém teve a feliz idéia de dividir o tempo em anos, meses, dias, horas...
E assim, a cada 31 de dezembro, a gente tem a ilusão de que depois da meia-noite, tudo vai recomeçar, vai ser diferente, vai renascer.
E enquanto não chega o ano novo, que tal esperar que notícias boas surjam aos borbotões no segundo semestre? Que tal estourar champagne na virada, entre os dias 30 de junho e 1º de julho?
Feliz semestre novo para você!
Até agora, 2009 nos reservou um cardápio misto de crise econômica, acidentes aéreos, escândalos no senado, mortes de celebridades, início de mandatos de prefeitos eleitos em outubro passado.
Como já escrevera Carlos Drumond de Andrade, alguém teve a feliz idéia de dividir o tempo em anos, meses, dias, horas...
E assim, a cada 31 de dezembro, a gente tem a ilusão de que depois da meia-noite, tudo vai recomeçar, vai ser diferente, vai renascer.
E enquanto não chega o ano novo, que tal esperar que notícias boas surjam aos borbotões no segundo semestre? Que tal estourar champagne na virada, entre os dias 30 de junho e 1º de julho?
Feliz semestre novo para você!
sábado, 27 de junho de 2009
Chuva de inverno
Durante a madrugada, uma chuva aplacou a poeira das obras da prefeitura em frente à minha casa. Fora aquele cheirinho de terra molhada. E essa dádiva toda, em pleno inverno. É um bom começo de sábado.
A sequência do sábado guarda a expectativa da torcida do Atlético. O Grêmio Barueri, depois de surpreender o Cruzeiro no Mineirão, vai ser a primeira equipe a conseguir parar o Galo no campeonato brasileiro?
E qual Cruzeiro entrará em campo hoje? Aquele time amorfo e desinteressado dos últimos jogos do brasileiro ou o timaço com jeitão de campeão, que tem encantado à torcida na Libertadores?
E uma dúvida: por que o formato blog não gosta de parágrafos?
A sequência do sábado guarda a expectativa da torcida do Atlético. O Grêmio Barueri, depois de surpreender o Cruzeiro no Mineirão, vai ser a primeira equipe a conseguir parar o Galo no campeonato brasileiro?
E qual Cruzeiro entrará em campo hoje? Aquele time amorfo e desinteressado dos últimos jogos do brasileiro ou o timaço com jeitão de campeão, que tem encantado à torcida na Libertadores?
E uma dúvida: por que o formato blog não gosta de parágrafos?
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Eu prometo!
Prometo que não vou escrever nada sobre a morte de Michael Jackson.
Afinal, a TV já nos bombardeou.
Overdose.
Ninguém duvidava de que quando Michael Jackson morresse, a notícia teria destaque na imprensa do mundo inteiro.
Mas, a cobertura da TV brasileira está ultrapassando os limites do razoável.
Um amigo meu me disse que ao acordar, hoje pela manhã, abriu a torneira e jorrou a música Billie Jean.
E eu acabei escrevendo sobre a morte de Michael Jackson.
Afinal, a TV já nos bombardeou.
Overdose.
Ninguém duvidava de que quando Michael Jackson morresse, a notícia teria destaque na imprensa do mundo inteiro.
Mas, a cobertura da TV brasileira está ultrapassando os limites do razoável.
Um amigo meu me disse que ao acordar, hoje pela manhã, abriu a torneira e jorrou a música Billie Jean.
E eu acabei escrevendo sobre a morte de Michael Jackson.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
O Cruzeiro e a injúria
O time de Adílson Batista está quase na decisão da Libertadores. Méritos para o "professor pardal". Quem disse que ter coragem para inventar não é uma qualidade? Que o digam, Santos Dumont, Sabin, e os nossos ancestrais, que um dia, inventaram a roda.
Invenção nada original foi a do argentino Maxi López, do Grêmio. Chamar alguém de macaco, como ele fez com Elicarlos, do Cruzeiro, está fora de moda. E tem uma implicação pouco mencionada: "o ponto de vista" do macaco. Afinal, a pessoa que se sente ofendida pode reclamar, ir à polícia, reivindicar a lei, que estabelece: quem profere palavras de cunho racista está cometendo crime de injúria. Mas, no caso específico de ontem, não seria também ofensa ao macaco, alguém se sentir ofendido por ter sido chamado de macaco? Vou pesquisar na legislação ambiental. Ou perguntar ao ministro Carlos Minc. Como diz o "Macaco" Simão, "Minc leão dourado"!
Nenhuma câmera registrou o flagrante do fato, nem mesmo uma imagem para a gente fazer a leitura labial! Ficou o contraditório: a palavra de Maxi López, negando que tenha xingado o brasileiro e a palavra de Elicarlos, sustentando a denúncia. De qualquer forma, a suposta injúria cometida colocou fogo para a segunda partida em Porto Alegre.
Invenção nada original foi a do argentino Maxi López, do Grêmio. Chamar alguém de macaco, como ele fez com Elicarlos, do Cruzeiro, está fora de moda. E tem uma implicação pouco mencionada: "o ponto de vista" do macaco. Afinal, a pessoa que se sente ofendida pode reclamar, ir à polícia, reivindicar a lei, que estabelece: quem profere palavras de cunho racista está cometendo crime de injúria. Mas, no caso específico de ontem, não seria também ofensa ao macaco, alguém se sentir ofendido por ter sido chamado de macaco? Vou pesquisar na legislação ambiental. Ou perguntar ao ministro Carlos Minc. Como diz o "Macaco" Simão, "Minc leão dourado"!
Nenhuma câmera registrou o flagrante do fato, nem mesmo uma imagem para a gente fazer a leitura labial! Ficou o contraditório: a palavra de Maxi López, negando que tenha xingado o brasileiro e a palavra de Elicarlos, sustentando a denúncia. De qualquer forma, a suposta injúria cometida colocou fogo para a segunda partida em Porto Alegre.
domingo, 21 de junho de 2009
Diploma, futebol e Clarice
A decisão do STF de tornar não obrigatório o diploma para o exercício do jornalismo, na prática, não muda muita coisa. A não ser a necessidade de o profissional se preocupar com a formação, em ser bom no que faz, em se aperfeiçoar. Mas, isso não é novidade. Gostei muito de um diálogo que li num blog a respeito do assunto.
- quer dizer que um pedreiro pode tomar a minha vaga de jornalista?
- pode sim. Se ele se expressar melhor do que você, se escrever melhor do que você, se for mais competente do que você, pode sim. E nesse caso, pode e merece tomar o seu lugar.
Atlético contra o Santos na Vila Belmiro. Cruzeiro contra o Barueri no Mineirão. Minas acompanha a trajetória feliz do Cruzeiro na Libertadores e a surpreendente campanha do Galo no Brasileiro. Tomara que continue assim.
Acabei de assistir a um vídeo, com uma entrevista de Clarice Lispector. Uma personalidade enigmática. Apaixonante. Sobre o ato de escrever, ela disse: "Não sou profissional para não perder minha liberdade."
- quer dizer que um pedreiro pode tomar a minha vaga de jornalista?
- pode sim. Se ele se expressar melhor do que você, se escrever melhor do que você, se for mais competente do que você, pode sim. E nesse caso, pode e merece tomar o seu lugar.
Atlético contra o Santos na Vila Belmiro. Cruzeiro contra o Barueri no Mineirão. Minas acompanha a trajetória feliz do Cruzeiro na Libertadores e a surpreendente campanha do Galo no Brasileiro. Tomara que continue assim.
Acabei de assistir a um vídeo, com uma entrevista de Clarice Lispector. Uma personalidade enigmática. Apaixonante. Sobre o ato de escrever, ela disse: "Não sou profissional para não perder minha liberdade."
quarta-feira, 17 de junho de 2009
E a PEC?
O senado não votou.
O número de vagas nas câmaras municipais não aumentou.
Mas, será que ainda vai aumentar?
Suplentes de todo o país estão na exPECtativa.
O número de vagas nas câmaras municipais não aumentou.
Mas, será que ainda vai aumentar?
Suplentes de todo o país estão na exPECtativa.
terça-feira, 16 de junho de 2009
ExPECtativa
Suplentes de vereadores em todo o país vivem a expectativa da votação, no senado, da famosa PEC, que pode reconstituir e em alguns casos, aumentar o número de vagas nas câmaras municipais.
Se a PEC for aprovada, em Governador Valadares, em vez de 14, a câmara passaria a ter 21 vereadores.
Quem é a favor da PEC argumenta que a aprovação não implicaria aumento de despesas para os cofres públicos.
Quem é contra entende que o número atual de vereadores já é muito.
Se a PEC for aprovada, em Governador Valadares, em vez de 14, a câmara passaria a ter 21 vereadores.
Quem é a favor da PEC argumenta que a aprovação não implicaria aumento de despesas para os cofres públicos.
Quem é contra entende que o número atual de vereadores já é muito.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
A torcida atleticana acordou, hoje, na liderança do campeonato brasileiro. Será um "galo paraguaio"? Essa pergunta começa a ser respondida nas próximas rodadas.
A torcida cruzeirense tenta acreditar que, na quinta-feira, o time vai jogar de forma diferente contra o São Paulo. Afinal, na Toca, ninguém nunca escondeu que o grande objetivo do ano seria mesmo a conquista da Libertadores.
E a Copa das Confederações? Dunga prega respeito contra a seleção do Egito. Jesus! Ele está falando sério?
A torcida cruzeirense tenta acreditar que, na quinta-feira, o time vai jogar de forma diferente contra o São Paulo. Afinal, na Toca, ninguém nunca escondeu que o grande objetivo do ano seria mesmo a conquista da Libertadores.
E a Copa das Confederações? Dunga prega respeito contra a seleção do Egito. Jesus! Ele está falando sério?
domingo, 14 de junho de 2009
Superação e Sintonia
O Atlético termina a sexta rodada do brasileiro de forma invicta, com 14 pontos, 4 vitórias e 2 empates. É o melhor início de competição desde o início da era dos pontos corridos. Curiosamente, havia sido com o mesmo técnico Celso Roth, em 2003, o último bom começo do Galo no campeonato brasileiro.
Ainda é cedo para dizer se o time vai brigar pelo título, mas o que se viu no Mineirão, na vitória de 3 a 0 sobre o Náutico, hoje, foi uma total sintonia entre os jogadores, o técnico e a torcida. Outro teste pelo qual a equipe passou com louvor: ainda no início da partida, Thiago Feltri foi expulso. Quem esperava, daí pra frente, um Atlético recuado e com medo, acabou se surpreendo ao ver o time buscando o ataque. Parecia que estava com 12 jogadores, em vez de 10.
A torcida deu um show também em números: 40.820 pagantes.
Ainda é cedo para dizer se o time vai brigar pelo título, mas o que se viu no Mineirão, na vitória de 3 a 0 sobre o Náutico, hoje, foi uma total sintonia entre os jogadores, o técnico e a torcida. Outro teste pelo qual a equipe passou com louvor: ainda no início da partida, Thiago Feltri foi expulso. Quem esperava, daí pra frente, um Atlético recuado e com medo, acabou se surpreendo ao ver o time buscando o ataque. Parecia que estava com 12 jogadores, em vez de 10.
A torcida deu um show também em números: 40.820 pagantes.
O frio do domingo
Atlético X Náutico
Em casa,
espero o começo dos jogos pelo campeonato brasileiro.
Principalmente, o do Mineirão.
Afinal, o desempenho do Atlético neste início de campeonato
deixa animada a desconfiada torcida alvi-negra.
Se vencer hoje,
começa a reconquistar a confiança das arquibancadas.
Cruzeiro X Palmeiras
O jogo é no Parque Antártica,
onde o Cruzeiro dificilmente vence. Mas,é bom lembrar
que em 1996, o Palmeiras tinha um supertime (que não
tem hoje)
e na decisão da Copa do Brasil, o time mineiro, sob o comando
de Levir Culpi e com atuações brilhantes de Dida, Palhinha
e Marcelo Ramos, ganhou lá dentro a Copa do Brasil.
Será que o time de Adílson Batista poderá fazer o mesmo hoje?
Em casa,
espero o começo dos jogos pelo campeonato brasileiro.
Principalmente, o do Mineirão.
Afinal, o desempenho do Atlético neste início de campeonato
deixa animada a desconfiada torcida alvi-negra.
Se vencer hoje,
começa a reconquistar a confiança das arquibancadas.
Cruzeiro X Palmeiras
O jogo é no Parque Antártica,
onde o Cruzeiro dificilmente vence. Mas,é bom lembrar
que em 1996, o Palmeiras tinha um supertime (que não
tem hoje)
e na decisão da Copa do Brasil, o time mineiro, sob o comando
de Levir Culpi e com atuações brilhantes de Dida, Palhinha
e Marcelo Ramos, ganhou lá dentro a Copa do Brasil.
Será que o time de Adílson Batista poderá fazer o mesmo hoje?
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Quem sou eu
- Carlos Augusto de Albuquerque
- Na rádio, sou o narrador de futebol, Carlos Augusto. Na TV, sou o repórter e apresentador Carlos Albuquerque. Aqui, neste blog, pretendo resolver essa "crise de identidade" e juntar os dois "Carlos"! Mas, no fundo, sou aprendiz, eternamente aprendiz! Sou filho da terra, de todas as terras que formam o planeta, de todas as substâncias que formam o universo. Sou irmão de todos os seres. Sou o pai da Luíza.