Tece a teia
arranha
a lente
desmancha
a casa
desaloja
a aranha
arregaça
a manga
está na
garganta
o caroço
e arranha
o céu-da-boca
do estômago
vendeu
a janta
comprou
o almoço
e quando
bebe
desabafa
e quando
engole
desengasga
vai à luta
e come
grama
demente
em tese
mas não rasga
grana
então desmente
a tese
se não
baba
nem joga
pedra
não está
doente
não parece
mas ele
ainda é gente
Este é um blog teste. Com a pretensão de abrigar textos, poemas, crônicas...
domingo, 30 de agosto de 2009
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Entre uma e outra coisa
Moro
perto
vivo longe
entre
o ponto de ônibus
e o ponto de vista
Durmo tarde
num lugar
entre o abrigo
e o esbarro
Faço coisas
E elas permanecem
guardadas
e espalhadas
entre o secreto
e o esparro
entre
o roteiro e o improviso
a lembrança
e o esquecimento.
Fases
Fazes
da lua
a luz
de alguma
poesia?
Fases
da lua
influenciam
teu dia?
Da noite
longa e fria,
sobraram
fezes
na calçada
Dos fusos
mal compensados
restam caras
mal dormidas
Mas,
há tempo
para jogar a vida
e nesse,
como em qualquer
jogo,
tudo é fase
Se a época
não é propícia,
é só esperar
mais um giro
completo da Terra
É tudo fase
e o segredo vem
no imperativo:
não esperes
tudo da vida
não esperes
nada da sorte
não esperes
da lua
a luz
de alguma
poesia?
Fases
da lua
influenciam
teu dia?
Da noite
longa e fria,
sobraram
fezes
na calçada
Dos fusos
mal compensados
restam caras
mal dormidas
Mas,
há tempo
para jogar a vida
e nesse,
como em qualquer
jogo,
tudo é fase
Se a época
não é propícia,
é só esperar
mais um giro
completo da Terra
É tudo fase
e o segredo vem
no imperativo:
não esperes
tudo da vida
não esperes
nada da sorte
não esperes
domingo, 23 de agosto de 2009
Crítica
A crítica
é cítrica,
ácida,
básica
a crítica,
até a apócrifa,
constrói
a crítica
rói
o mundo
que sustentava
o criticado
a crítica
é a crônica
do crescimento
é o tônico
do recomeço
que a crítica
venha seta
direta
ou nas entrelinhas
crítica
nunca vem
do baixo
crítica
de dentro
auto- crítica
ou de fora
que a crítica
me atinja
e dela eu não desvie
nem finja
que não vi
mesmo que
seja um míssil
com a missão
de destruir
seja a crítica
o mais difícil
instante
que ela acerte
bem no alvo
e eu me veja,
assim,
agradecido
e salvo.
é cítrica,
ácida,
básica
a crítica,
até a apócrifa,
constrói
a crítica
rói
o mundo
que sustentava
o criticado
a crítica
é a crônica
do crescimento
é o tônico
do recomeço
que a crítica
venha seta
direta
ou nas entrelinhas
crítica
nunca vem
do baixo
crítica
de dentro
auto- crítica
ou de fora
que a crítica
me atinja
e dela eu não desvie
nem finja
que não vi
mesmo que
seja um míssil
com a missão
de destruir
seja a crítica
o mais difícil
instante
que ela acerte
bem no alvo
e eu me veja,
assim,
agradecido
e salvo.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
O trem
Na música brasileira,
o trem é assunto recorrente.
Raul Seixas tinha o trem das sete.
Os Demônios da Garoa cantavam
que não podiam perder o trem das onze.
Cazuza embarcou num trem para
as estrelas.
Villa-Lobos viajava sem pressa
no trenzinho caipira.
Também não dá
para esquecer
o café com pão
café com pão
da poesia de Manuel Bandeira.
Na cultura mineira,
entre o erudito e o popular,
entre todos os ritmos,
entre a música do clube
da esquina
e as bandas no coreto
das praças,
entre as caixas do congado,
as violas e os violeiros,
entre as cantigas do Vale do Jequitinhonha
e o teatro do Grupo Galpão,
há um momento reservado
para um som sagrado:
o apito do trem.
Mineiro tira trem do olho,
enche a mala com os "trem"
e vai para a estação
pegar o vagão.
Mineiro,
quando está com fome,
come um trem qualquer.
Mineiro
não tem dúvida
de quando está apaixonado.
É só por sentido
nos sinais:
quando a paixão chega,
mineiro sente um trem no coração.
o trem é assunto recorrente.
Raul Seixas tinha o trem das sete.
Os Demônios da Garoa cantavam
que não podiam perder o trem das onze.
Cazuza embarcou num trem para
as estrelas.
Villa-Lobos viajava sem pressa
no trenzinho caipira.
Também não dá
para esquecer
o café com pão
café com pão
da poesia de Manuel Bandeira.
Na cultura mineira,
entre o erudito e o popular,
entre todos os ritmos,
entre a música do clube
da esquina
e as bandas no coreto
das praças,
entre as caixas do congado,
as violas e os violeiros,
entre as cantigas do Vale do Jequitinhonha
e o teatro do Grupo Galpão,
há um momento reservado
para um som sagrado:
o apito do trem.
Mineiro tira trem do olho,
enche a mala com os "trem"
e vai para a estação
pegar o vagão.
Mineiro,
quando está com fome,
come um trem qualquer.
Mineiro
não tem dúvida
de quando está apaixonado.
É só por sentido
nos sinais:
quando a paixão chega,
mineiro sente um trem no coração.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Inescrever
Há dias em que eu escrevo
noutros,
apenas relevo
a vontade
algumas idéias
são assim mesmo
têm a vaidade
de achar
que merecem ser ditas
O silêncio
da folha em branco
só não tem a mesma
eloquência
de uma folha verde
à espera do momento
de se libertar da árvore
nem a nobreza
da mudez de uma folha seca
noutros,
apenas relevo
a vontade
algumas idéias
são assim mesmo
têm a vaidade
de achar
que merecem ser ditas
O silêncio
da folha em branco
só não tem a mesma
eloquência
de uma folha verde
à espera do momento
de se libertar da árvore
nem a nobreza
da mudez de uma folha seca
domingo, 9 de agosto de 2009
Em cômodos
Basta um tijolo
no quintal das lembranças
basta uma tinta branca
descascando no quarto da infância
e lá vai parede
memória adentro da casa
sete pessoas
moram em três incômodos
o pai cospe
no cimento frio da cozinha
o dinheiro do mês
só vai dar para uns dias
corta a pasta de dente
da lista do armazém
corta também
o desodorante
o sabonete
e o papel higiênico
mas, o quintal tem galinha
que a mãe faz sangrar
no prato de esmalte
se o vô Chico Marta
trouxer um guaraná,
está salvo o almoço do domingo
no quintal das lembranças
basta uma tinta branca
descascando no quarto da infância
e lá vai parede
memória adentro da casa
sete pessoas
moram em três incômodos
o pai cospe
no cimento frio da cozinha
o dinheiro do mês
só vai dar para uns dias
corta a pasta de dente
da lista do armazém
corta também
o desodorante
o sabonete
e o papel higiênico
mas, o quintal tem galinha
que a mãe faz sangrar
no prato de esmalte
se o vô Chico Marta
trouxer um guaraná,
está salvo o almoço do domingo
Cerca viva
Esses anos todos
esses ipês roxos
o cheiro de goiaba madura
aquela flor arrepiada
como um cabelo moicano
é a cerca viva da escola
agora que eu arranquei a flor
só há uma coisa a fazer por ela
é assoprar suavemente
e fazê-la flutuar
pratos de esmalte
no recreio
mingau de fubá
e couve
o que houve com a infância
de hoje?
Nada de mau
foi apenas o mundo
que deixou as coisas
muito prontas demais
esses ipês roxos
o cheiro de goiaba madura
aquela flor arrepiada
como um cabelo moicano
é a cerca viva da escola
agora que eu arranquei a flor
só há uma coisa a fazer por ela
é assoprar suavemente
e fazê-la flutuar
pratos de esmalte
no recreio
mingau de fubá
e couve
o que houve com a infância
de hoje?
Nada de mau
foi apenas o mundo
que deixou as coisas
muito prontas demais
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Amor amor
Um amor de domingo
a gente esquece na segunda-feira
amor à primeira vista
ou de primeira viagem
amor bom,
o que a gente escolhe
gostoso colher amor
mas, o que sustenta
e tem sabor
é o amor
que a gente planta
o amor
está à venda
e tem dia
que a gente compra
há o amor
que é só um caso
e amor de casamento
amor que acaba
que recomeça
amor que suga
amor que compensa
amor que dá ruga
e amor que rejuvenesce
amor explícito
e amor que nem parece!
Mas, o melhor de tudo
é quando o amor engole a gente
e quando a gente pega o amor
e come
o amor nos agiganta
e nos consome
é bom cheirar o amor
mas evite podar o amor
é bom regar o amor
amor bonito,
amor mais rico,
faz rir e chorar,
morrer e renascer
amor, assim como a vida
e como a morte,
encanta
amor louco e são
é mesmo
o amor que a gente planta.
a gente esquece na segunda-feira
amor à primeira vista
ou de primeira viagem
amor bom,
o que a gente escolhe
gostoso colher amor
mas, o que sustenta
e tem sabor
é o amor
que a gente planta
o amor
está à venda
e tem dia
que a gente compra
há o amor
que é só um caso
e amor de casamento
amor que acaba
que recomeça
amor que suga
amor que compensa
amor que dá ruga
e amor que rejuvenesce
amor explícito
e amor que nem parece!
Mas, o melhor de tudo
é quando o amor engole a gente
e quando a gente pega o amor
e come
o amor nos agiganta
e nos consome
é bom cheirar o amor
mas evite podar o amor
é bom regar o amor
amor bonito,
amor mais rico,
faz rir e chorar,
morrer e renascer
amor, assim como a vida
e como a morte,
encanta
amor louco e são
é mesmo
o amor que a gente planta.
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Quem sou eu
- Carlos Augusto de Albuquerque
- Na rádio, sou o narrador de futebol, Carlos Augusto. Na TV, sou o repórter e apresentador Carlos Albuquerque. Aqui, neste blog, pretendo resolver essa "crise de identidade" e juntar os dois "Carlos"! Mas, no fundo, sou aprendiz, eternamente aprendiz! Sou filho da terra, de todas as terras que formam o planeta, de todas as substâncias que formam o universo. Sou irmão de todos os seres. Sou o pai da Luíza.