sábado, 6 de dezembro de 2014

Sobem e descem

Sobem e descem os gestos,
empina a linha,
desce a lenha,
bota fogo,
apaga o incêndio.

Sobem e descem os gatos
no telhado,
miados de instintos
no meio da madrugada.

Sobem e descem os gastos;
pede um prato,
fecha a conta,
passa a régua,
põe tudo na ponta
do lápis.

Sobem e descem
canhotos e destros.
À noite, matam um leão por dia;
de dia,
soltam os cachorros.

Seguem a desordem natural
de se perder pelos caminhos.
Um dia, quem sabe?
Libertam os passarinhos.


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Madrugada astronômica

À noite, chovem sóis.
Mas, só enquanto durmo.
Às seis, uma estrela distraída
observa o amanhecer.
Quando acordo,
ainda sob os lençóis,,
sinto a presença de alguém:
é a lua no (meu) quarto crescente.
Vou para a mesa do café,
morrendo de rir dos astros dementes,

sábado, 16 de agosto de 2014

Hai-kai de mar e rio

Parto que o pariu!
O mar nasceu do porto
ou é filho do rio?


Dores e risos do parto

- Parto.

- Se for verbo,
eu lhe peço pra ficar
ou que vá pra perto.
E volte.

- Parto.

- É substantivo?
Se for, chore.
E prove que está vivo.


Porto inseguro

Se o longe não é garantia de nada
O perto nem é sequer seguro.

Se hoje, o porto é partida,
amanhã é ancoradouro.

Quando parto no presente,
a saudade já foi antes, à frente,
e me espera no futuro.





sábado, 2 de agosto de 2014

Verbos de ligar distâncias

A pessoa que eu sou
nem sempre está.

A pessoa que estou
de vez em quando não é.

É aí que o verbo ser,
passa a sujeito ser.

Mas, no peito
às vezes nada é
e ninguém está.

E onde eu estava
quando o verbo na estrada
já não ligava mais nada?

Ser muitas vezes dói.
por causa das tarefas de herói.

Mas, o ser sobrevive
pelos super poderes que tem
de ser o que quiser
e super estar onde puder ser
e super ser onde puder estar 




Verdade?


- Mente?
- Não, coração..

- Não mente
não, coração!

- Mas, coração não
mente.

Coração.
Não mente.

- Coração?
Não,
mente.

Mente é mente.
Coração desmente.

Mas, mente é coração.
E coração é mente.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Solidão e Liberdade

O ruim de ser livre
é ficar muito tempo só

O bom de ser só
é estar o tempo todo livre.

domingo, 6 de abril de 2014

Chuva e sol 

Carlos Augusto de Albuquerque 

O barulho no telhado,
a canção no chuveiro.
Sol subindo pelas paredes,
sol descendo pelo ralo.
Um raio se arrebenta no terreiro.
A gente se embriaga
de uma mistura de luz e água.
Dentro do ser em si,
a doença da melodia enloucurada,
trilha sonora do encontro
entre o pacificador e o guerreiro:
é sol pra todo lado
e chuva no mundo inteiro.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Sem palavras

Considerava-se auto-suficiente
Mantinha o olhar quase seco,
auto-limpante.

A boca era um traço,
uma reta que se esticava em caso
de esboço de sorriso.

Mas, mesmo sem nem uma palavra,
todo aquele silêncio permanente
era um inflamado discurso em alto-falante.

Quem sou eu

Minha foto
Na rádio, sou o narrador de futebol, Carlos Augusto. Na TV, sou o repórter e apresentador Carlos Albuquerque. Aqui, neste blog, pretendo resolver essa "crise de identidade" e juntar os dois "Carlos"! Mas, no fundo, sou aprendiz, eternamente aprendiz! Sou filho da terra, de todas as terras que formam o planeta, de todas as substâncias que formam o universo. Sou irmão de todos os seres. Sou o pai da Luíza.