segunda-feira, 25 de abril de 2011

Alívio imediato

Extrair, não.
 Distrair a paixão (ardente), 
Dor de dente,
 Para ela se esquecer de doer.

Preço e prazo

Uns tinham pressa
De ser feliz

Outros sabiam
Onde ficava a praça
Às vezes, isso basta

Aos domingos,
Dava pra ser feliz ali

Outros tinham prosa
E poesia
Ora usavam uma
Ora escreviam outra
E recitavam alguma

Angústias existenciais
Se desfaziam no meio
das frases e dos versos

Era possível perceber
Um arzinho de felicidade
Na brisa de rimas fáceis
e nas estrofes sem inspiração

O momento de ser
Feliz era fácil perceber
E nem carecia
controle
De qualidade

Mas, riso fácil e
Alegria em estado
Bruto e rico
Tinham prazo de validade

Por isso, a necessidade:
Aproveitar
Cada segundo
Das paixões
À primeira vista

19/2/2011 e 19/3/2011

Elegia do velho

As velhas casas
Velhas mulheres
os homens de idade
nos ensinam coisas novas

Os velhos tempos
Velhos espaços
Os estilhaços
De um vidro que não se
Fabrica mais

Os velhos templos
As velhas e novas crenças

Os velhos alegres
que se fingem de bobos da corte
só pra ver os jovens sorrirem

os velhos sem sorte
e sem sorrisos

Mas, até os velhos tristes
são bons de papo
e revelam segredos
De vida e morte

Os velhos amados
E até os abandonados
Sabem ensinar coisas novas.

19/2/2011 e 19/3/2011

O samba e o morro

Viver
 A gente aprende na marra 
 Não é só escapar da morte
 Nem viver pedindo socorro
 Sambar Só se aprende no morro
 Não basta ensaiar o passo 
Só é bom de samba 
Quem já não precisa mais De esforço
 O corpo vai sozinho
 Coração na marcação
 E ali já está a alma 
Bem na frente da comissão
 Sambar bem a gente aprende no morro
 Sobreviver sem quase nada
 E entrar na vida com tudo
 É lição que vem do morro 
 E só quem sobe e desce 
E sobe de novo
 Entende o jeito do povo
 De não deixar o samba morrer
 Quem desce e sobe
 E desce de novo
 Já sabe subir sozinho
 Já sabe sambar sozinho
 Mas toda vez que for sambar
 Vai querer subir a ladeira
 Pois o melhor sambista 
A vida mais companheira
 Está lá na cidade alta
 Quem sobe e desce
 E sobe de novo
 Já se encantou
 pela beleza do povo
 Pode até descer
 Mas já sabe
 amar o morro

Velocidades

É preciso morrer outras vezes
E viver no mesmo corpo
Com outras vozes

E correr contra o espaço
E parar somente quando o tempo
Abrir os braços

E medir a qualidade da fala
Pelo gosto da saliva

Existir suavemente
Sem pressa

Mas, até sair em disparada
Quando encontrar uma perna de vento

6/2 e 4/3/2011

Quem sou eu

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Na rádio, sou o narrador de futebol, Carlos Augusto. Na TV, sou o repórter e apresentador Carlos Albuquerque. Aqui, neste blog, pretendo resolver essa "crise de identidade" e juntar os dois "Carlos"! Mas, no fundo, sou aprendiz, eternamente aprendiz! Sou filho da terra, de todas as terras que formam o planeta, de todas as substâncias que formam o universo. Sou irmão de todos os seres. Sou o pai da Luíza.