O ônibus lotado está com cheiro de maçã.
Um rapaz, em pé,
ao lado da catraca,
tem uma sacola de supermercado na mão.
Ele abre e tira de lá,
um bombom.
E come.
Uma mulher fala ao celular.
Um homem ri enquanto Lê uma mensagem no celular.
Outras duas mulheres
falam sobre um celular Ching-ling:
- O meu namorado me deu.
No início, funcionava muito bem.
Depois, a bateria foi ficando
"viciada" (o autor da crônica não sabe
dizer se ela usou a palavra viciada com ou
sem aspas)
- Esse é o problema do Ching-ling!
Já tive um.
O diálogo é breve.
As duas se calam.
Bem ao lado das mulheres,
um jovem manuseia o celular.
Ele usa fones no ouvido.
De vez em quando, olha para fora do ônibus.
O rapaz, perto da catraca,
tira mais um bombom da sacola e come.
Ele usa um boné cor de laranja
Mas, o ônibus continua com cheiro de maçã.
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Eu até já havia chegado ao ponto final.
Não ao fim da viagem do ônibus.
Mas, ao fim desta crônica.
Só retornei ao texto para dizer
que o rapaz, ao lado da catraca,
tirou o terceiro bombom da sacola.
E comeu.
E não sei se algum dia,
ao entrar no ônibus,
vou sentir esse mesmo cheiro de maçã.
Auscultava até onde não havia corações
procurava sinais vitais
em toda parte.
Acreditava na hipótese
de haver água em Marte.
procurava sinais vitais
em toda parte.
Acreditava na hipótese
de haver água em Marte.
Em meio à falta de notícias,
cruzava informações
que captava no ar:
pombas da paz,
bombas de gás,
cruzava informações
que captava no ar:
pombas da paz,
bombas de gás,
mosquitos transmissores,
borboletas transgressoras...
Mas, o negócio dele
era mesmo o silêncio.
Gostava de auscultar.
Desconfiava que o segredo
estava na pulsar das coisas.
borboletas transgressoras...
Mas, o negócio dele
era mesmo o silêncio.
Gostava de auscultar.
Desconfiava que o segredo
estava na pulsar das coisas.