quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A lenha e a linha

Lenha e água,
navegação

linha e água,
pescaria

lenha e fogo,
São João

linha e fogo,
liquidação

lenha e terra,
cerca

linha e terra,
demarcação

lenha e ar,
fogo

linha e ar,
pipa

lenha, pedra e ferro,
linha de trem

Oração da Chuva

Chuva
me lave
me leve
e me pese

Chuva
me regue
me pegue
e me solte

Chuva
me escolte
até eu me salvar

E o que me salva
é matar a sede,
é molhar o rosto

O que me salva
é a água da chuva,
que não deixa o coração secar

Minha bandeira nacional

Em vez de
ordem e progresso,

liberdade e justiça.

Brincar de forca

Brinquemos de forca,
pensemos numa palavra

é preciso acreditar
na força da palavra

mas,
ainda não fale

nem escreva

apenas pense
em qualquer palavra

e credite um acontecimento
ao poder da palavra
muitas vezes repetida

acredite
na farsa da palavra

amole a fala
que falar é faca

corte o mal
pela raiz

afrouxe
a corda no pescoço

tire o nó
da garganta

Os pontos

Jogar
para contar os pontos

Riscar
para ligar os pontos

Correr
para esperar nos pontos

Pedir
para parar nos pontos

Deixar
o corte se fechar
para retirar
os pontos

Cantar
toda vez
que der vontade
de entregar os pontos.

Eco

A voz
repousa

o silêncio
nem ousa

mas
eis que
uma centelha
de brilho
no fundo do olho

tem o efeito
de um grito
dentro de uma caverna.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Propostas e resignações

Não matar
não morrer

Escapar
mas sem correr

Fazer correrias
mas sem pressa

não atropelar
nem se descabelar

nada de decoreba

cacos
fazem bem ao texto

discorrer
suavemente

sobre o que
chora dentro da gente

sobre o que
vem à cabeça

sobre o que
faz rir

como é bom
sorrir discretamente
diante da placa
que diz
"sorria, você
está sendo filmado"

Não é fácil ser
um rio
e escorrer
docemente
até se rebelar
nas pedras

porque nem sempre
há um mar de alegria
à espera no final do
singramento

às vezes,
o sangramento parece
difícil de se estancar

mas, nada de
desespero

se for possível,
ainda dá para subverter
o alerta do
"salve-se quem
puder"

o que dá certo
mesmo é
salve-se,
toda vez que puder.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Brinquedo de escrever

Um blog,
uma blague,
um bloco
na rua

uma briga
crônica
diária
semanal
extemporânea

espaço
contemporâneo

direito e
exercício de
expressão

desabafos
ensaios
pretensa poesia
divagações

devagar
mas com pressa
de falar

terei sempre
algo a dizer?

Um blog
impresso
primeiras
impressões

expressinho
direto
ou um
trenzinho
se contorcendo
entre as montanhas
do pensamento

um blog
passa devagar
pelo trilho cibernético

um blog,
meu lado,
seu lado,
outros lados

um blog
um imbroglio

motim
que não
se dissolve

um blog
proseia
e passeia
pelo black

um blog
também
é branco
e preto

um blog
é sério

um blog
é prata
é real

civilizado
e bronco

um blog
banca a ideia
mete bronca

um blog
se presta
a postar

um blog brinca

é um pombo correio
num vo o digital

pássaro que pousa
na ponta
de um novo meio
de bater as asas

diferente de um e-mail
mais que um gorjeio
menos que uma sinfonia

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Vento seco

Passou por mim
um vento seco

encharcou-me
de poeira

sujou-me
de esperança

uma estranha
camada
de melancolia

uma saudade
adivinhada
antecipada

tenho agora
uma cor de terra
e uma ânsia

a mesma
de quem abre mão
do sono reparador

para satisfazer
desejos
do corpo

Quem sou eu

Minha foto
Na rádio, sou o narrador de futebol, Carlos Augusto. Na TV, sou o repórter e apresentador Carlos Albuquerque. Aqui, neste blog, pretendo resolver essa "crise de identidade" e juntar os dois "Carlos"! Mas, no fundo, sou aprendiz, eternamente aprendiz! Sou filho da terra, de todas as terras que formam o planeta, de todas as substâncias que formam o universo. Sou irmão de todos os seres. Sou o pai da Luíza.