Um cenário de guerra, guerra declarada...Contra eles! Esses inimigos da modernidade, os oitis. Mas, que alívio! A guerra está ganha. Eles perderam. Sim, eles. Você perdeu, seu oiti! Você também! E você! Perdeu, não somente a cabeleira verde. Perdeu a utilidade. Você serve para quê? Para espalhar raízes pela calçada afora? Ah, produzir sombra... Sombra para quê? Para quem? Já existem as marquises, que fazem isso por nós; e com uma vantagem: têm um desenho muito mais funcional, que não suja as calçadas com as folhas secas que você solta.
Além do mais, à noite, precisamos de luz, que você, em alguns lugares, esconde. E aí? Responde! E não é somente no escuro! Voltando para o dia, como é que vou enxergar a placa de publicidade que eu procuro? E sem essa de que você ajuda a refrescar o clima. Isso é frescura de gente sem rumo, que fica em cima, com esse papo de verde, natureza, meio ambiente... Gente que parou no tempo e nem viu que a cidade cresceu, que as câmeras da esquina precisam enxergar os carros e as motos, têm que guardar as fotos do trânsito.
Você perdeu, oiti. Não há salvação. Ninguém vai salvar você. Até sabemos que, sem as suas copas e seus galhos, os pássaros ficam desalojados dos ninhos. Pois, eles é que batam asas e façam casas noutro lugar! Um artista, que passou pela rua, até quis comover a gente, entalhando um pássaro num toco que sobrou de um Oiti. Talvez, ele tenha tido a intenção de nos fazer pensar que, ao cortar ou arrancar um oiti, a gente reduz, também, a possibilidade de vida dos passarinhos. Mas, sem sentimentalismos!
A ordem, aqui, é visibilidade, para garantir o progresso e a segurança. Ou pensa que ninguém sabe? Que é você que esconde todos os criminosos da cidade? E é o culpado, quando chove muito e falta eletricidade? Por isso, não tenho nem pena de quando a motosserra entra em cena. Um cara como você, seu oiti, pediu para ser podado. Por mim, podia até ser arrancado. Sem perdão. Porque você perdeu, oiti!
E você, seu Ipê recém-plantado? Está rindo de que? Cresça e floresça e você também vai ver!