quarta-feira, 5 de julho de 2023

Crônica de uma guerra

             Um cenário de guerra, guerra declarada...Contra eles! Esses inimigos da modernidade, os oitis. Mas, que alívio! A guerra está ganha. Eles perderam. Sim, eles. Você perdeu, seu oiti! Você também! E você! Perdeu, não somente a cabeleira verde. Perdeu a utilidade. Você serve para quê? Para espalhar raízes pela calçada afora? Ah, produzir sombra... Sombra para quê? Para quem? Já existem as marquises, que fazem isso por nós; e com uma vantagem: têm um desenho muito mais funcional, que não suja as calçadas com as folhas secas que você solta.

           Além do mais, à noite, precisamos de luz, que você, em alguns lugares, esconde. E aí? Responde! E não é somente no escuro! Voltando para o dia, como é que vou enxergar a placa de publicidade que eu procuro? E sem essa de que você ajuda a refrescar o clima. Isso é frescura de gente sem rumo, que fica em cima, com esse papo de verde, natureza, meio ambiente... Gente que parou no tempo e nem viu que a cidade cresceu, que as câmeras da esquina precisam enxergar os carros e as motos, têm que guardar as fotos do trânsito.

         Você perdeu, oiti. Não há salvação. Ninguém vai salvar você. Até sabemos que, sem as suas copas e seus galhos, os pássaros ficam desalojados dos ninhos. Pois, eles é que batam asas e façam casas noutro lugar! Um artista, que passou pela rua,  até quis comover a gente, entalhando um pássaro num toco que sobrou de um Oiti. Talvez, ele tenha tido a intenção de nos fazer pensar que, ao cortar ou arrancar um oiti, a gente reduz, também, a possibilidade de vida dos passarinhos. Mas, sem sentimentalismos!

       A ordem, aqui, é visibilidade, para garantir o progresso e a segurança. Ou pensa que ninguém sabe? Que é você que esconde todos os criminosos da cidade? E é o culpado, quando chove muito e falta eletricidade? Por isso, não tenho nem pena de quando a motosserra entra em cena. Um cara como você, seu oiti, pediu para ser podado. Por mim, podia até ser arrancado. Sem perdão. Porque você perdeu, oiti!

       E você, seu Ipê recém-plantado? Está rindo de que? Cresça e floresça e você também vai ver!


Quem sou eu

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Na rádio, sou o narrador de futebol, Carlos Augusto. Na TV, sou o repórter e apresentador Carlos Albuquerque. Aqui, neste blog, pretendo resolver essa "crise de identidade" e juntar os dois "Carlos"! Mas, no fundo, sou aprendiz, eternamente aprendiz! Sou filho da terra, de todas as terras que formam o planeta, de todas as substâncias que formam o universo. Sou irmão de todos os seres. Sou o pai da Luíza.