Um rio de lama invadiu os peixes.
Peixes cheios de lama invadiram
imagens e fotos,
viraram fósseis
e sem força, não prosseguiram a viagem
com o rio de lama,
que invadiu o oceano.
E o ser humano,
setenta por cento água no corpo,
ficou com os dias secos,
enquanto nasciam córregos
nos olhos.
E agora?
Como vou irrigar o peito?
Só há um jeito:
é eu me tornar
cem por cento rio.
Fazer do barro
uma estância.
E ver brotar no meio da lama
de morte,
o resultado de um enxerto estranho:
meio flor, meio peixe.
E debaixo do sol quente,
no coração trincado,
vai correr um fiozinho:
meio sangue, meio esperança enlamaçada.
Que no fim, vai virar água:
fria, doce,
nossa alma de novo inteira,
tratada.
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