levava jeito
lavava a jato
enxugava a ferro
assinava em branco
pintava o sete
corava a cara
era o manda-chuva
tirava onda
morria de medo de avião
mas vivia no mundo da lua
De tempos em tempos,
mudava de casa
piscava pro olho da rua
namorava quem passava
casava com quem ria
dormia com quem chorava
acordava de cabeça cheia,
peito vazio
Fazia silêncio nas brigas,
gritava pedindo pra fazer as pazes
e se calava para ouvir vozes
do além,
do aquém,
do talvez,
de ninguém.
Sempre,
no fim das contas,
trocava o som pelo gesto
o todo pelo resto
o corpo do desejo
pelo rosto do beijo
No fim das contas,
lá pelas tantas,
trocava seis por meia dúzia,
fazia concha com as mãos
para colher pingos de chuva
e colocar os pingos nos is.
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