quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Revelações

As máquinas fotográficas digitais criaram um problema: acabaram com os negativos das fotos.

Era um ritual direcionar a fita escura na direção da luz e tentar adivinhar os retratos. Sem falar que os pedaços de rolo eram equipamentos de proteção ocular em dias de observar eclipses.

Era um acontecimento encontrar um rolo de filme esquecido na gaveta e mandá-lo para o laboratório fotográfico. Havia uma certa tensão para saber se o filme não havia queimado, se parte das fotos não estaria perdida, se teria sobrado exatamente aquela que a gente bateu só para testar a máquina.

Agora, pipocam máquinas, espocam flashes nas festas. Há retratos em profusão no orkut, msn, facebook, twitter.

Na era digital, não se revelam fotos; salvam-se fotos. Não é deste mundo quem não sabe o que é um pen driver. A peça que pode lhe pregar uma peça: você a coloca no computador e descobre que todas as fotos foram salvas. Mas, não são as suas. São do...daquele cara, aquele que tem uma moto... Ah, já vi uma foto dele, tenho-o no orkut; é o... Ah, não sei o nome dele.

Mas, se você salvou a foto certa, tudo bem. Só não sabemos ainda quem vai salvar a magia, a doce angústia que era esperar pela revelação.

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Na rádio, sou o narrador de futebol, Carlos Augusto. Na TV, sou o repórter e apresentador Carlos Albuquerque. Aqui, neste blog, pretendo resolver essa "crise de identidade" e juntar os dois "Carlos"! Mas, no fundo, sou aprendiz, eternamente aprendiz! Sou filho da terra, de todas as terras que formam o planeta, de todas as substâncias que formam o universo. Sou irmão de todos os seres. Sou o pai da Luíza.