sexta-feira, 13 de junho de 2025

Dias sim

Dentre o que ainda

vou viver,

que seja algo 

para eu depois, dizer:

-  era um sonho que eu tinha


Pessoas 

que comigo estiveram

já me fizeram sentir:

- que sorte a minha!


De tal jeito,

eu me perdi,

que tarde da noite,

assim resumi:

- ganhei meu dia!


terça-feira, 10 de junho de 2025

Hora certa

A hora certa

ninguém sabe qual é

O incerto é pontual




Desopostos

Antes pelo contrário

Depois pelo precoce

no meio, o retardatário


Foi morto o enterro

no dia do inventário


Há erro que não morre

e sempre faz aniversário






Questão de interpretação

Não falei direta

nem indiretamente

Foi você

que me entendeu mal

segunda-feira, 2 de junho de 2025

O rio de Sebastiao


 

Na terra seca, 

à beira do rio, 

cresceu árvore, 

surgiu bicho, 

brotou água 

 

Foi mágica não; 

projeto e trabalho 

de Lélia e Sebastião 


Doce é o nome do Rio 

Salgado é o sobrenome de Tião 

o acaso preparou esse tempero 

 

Quanta vida havia  

escondida nas entranhas da terra

debaixo daquele deserto estranho

e hoje, tantas florestas 

renascem no viveiro  

 

Doce é o rio 

pra Sebastião, 

sagrado 

 

e que gosto bom  

regar as sementes   

que já refrescam o futuro 

desde o canteiro 

quem sabe um dia,  

um rio salvo e são, 

se levarmos a sério

o sonho de Sebastião 

 

(Para Sebastião Salgado – 02/06/2025) 

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Deserto interno

  

 Deserto interno 

 

A tarde não se opõe 

ao sol que quer ir embora 

lá fora, chove bem forte 

por dentro, o homem enfrenta 

a tempestade 

que varre a sua veia 

pode ser que à noite, 

ele sangre areia  

Pássaros operários em todo canto


Em qualquer canto, 
há um pássaro que voa,
um canto que pousa,
um voo que encanta

Todo pássaro é operário 
e eu até posso provar:
galo e bem-te-vi
fazem juntos 
o serviço diário
de abrir a manhã
eles acordam 
o sol 
para o sol brilhar

coleirinho, canário e sabiá
cumprem, na terra 
e no céu, o papel
de bem cantar

Tarefa que curió e trinca-ferro
executam bem também

se as aves
de dinheiro precisassem,
era justo dar a elas
um gordo e bom salário

ao papagaio tão falante
ao urubu, tão necessário
um agrado pro tiziu e o melro,
e pra coruja e seu olhar
tão sábio e sério
o uirapuru tão afinado,
que sabemos, era um índio,
que amava a indiazinha
era um amor proibido
e pediu ao deus Tupã
pra se transformar em 
passarinho cantador,
só pra viver, 
eternamente, 
cantando para o seu amor
E todos dizem
que entre todos os
pássaros,
por dar voz ao coração,
uirapuru 
é o que canta
a mais bela canção

o trabalho voluntário da andorinha
e do pardal é
nas revoadas
de primavera,
anunciando o verão

E quanto vale o trabalho
duro do mestre carpinteiro
e serelepe pica-pau?

Sem falar que o mundo
é mais bonito,
porque existe o periquito

Sabe muito bem viver
quem sabe ser amigo
da arara e seu belo grito

Pintassilgo 
tem talento
para outros pássaros imitar

Enquanto o tico-tico,
por gostar muito de fubá
virou tema e inspiração
de música popular

Bela voz, na natureza,
quem tem é o rouxinol
canta, sem ficar rouco
em noites de lua
e em dias de sol

Passarinho quando voa, 
quando cisca e quanto canta
é bicho trabalhador
sabe como é que brota
tanta fruta e tanta rosa,
quem é o plantador?
Dois deles, eu conheço:
polinizam, semeiam com o bico:
são o tucano e o beija-flor!

todo pássaro executa bem
o que lhe foi confiado
a floresta precisa do
intrigante catatau
e da aula de sobrevivência
com a camuflagem
do urutau

a mata também
não abre mão
da força do gavião
da barulheira 
da araponga
e da gralha

do joão-de-barro, nem se fala,
bom de serviço
exímio pedreiro 
e famoso por isso

E ainda bem que tudo
nesses bichos é instinto
e não nos cobram nada

e às vezes, por cantar
tão bonito,
em vez de premiada,
a ave é punida
e acaba engaiolada

que papelão, esse nosso,
tanta injustiça
e impunidade
Mas ainda há tempo
de mudar nossa atitude
de tamanha  covardia

dar aos pássaros
a garantia
de vida, voo e canto
longe da mira da maldade,
na mais completa liberdade

Quem sou eu

Minha foto
Na rádio, sou o narrador de futebol, Carlos Augusto. Na TV, sou o repórter e apresentador Carlos Albuquerque. Aqui, neste blog, pretendo resolver essa "crise de identidade" e juntar os dois "Carlos"! Mas, no fundo, sou aprendiz, eternamente aprendiz! Sou filho da terra, de todas as terras que formam o planeta, de todas as substâncias que formam o universo. Sou irmão de todos os seres. Sou o pai da Luíza.